Do nada, a barulhenta torcida alemã surgiu nas arquibancadas do Foro Itálico. O motivo da euforia repentina no Mundial de Esportes Aquáticos tem nome e sobrenome: Paul Biedermann. O alemão de 22 anos, que abriu o campeonato derrubando um recorde histórico de Ian Thorpe, continuou fazendo estragos nesta terça-feira. Desta vez, a vítima foi o maior nome da história da natação. Na final dos 200m livre, Biedermann dominou a prova do início ao fim, bateu o recorde mundial com 1m42s00 e ampliou a angústia de Michael Phelps, que ficou com a prata amarga.
– Talvez, se Michael estivesse em melhor forma, teria vencido. Mas agora eu sou mais rápido – sentenciou Biedermann após a prova.
Phelps era o extremo oposto da animação alemã.
– Eu não estou feliz. Mas neste ano não treinei como no ano passado. Não estou na minha melhor fase – admitiu o americano, que marcou o tempo de 1m43s22, seguido pelo russo Danila Izotov (1m43s90), que ficou com o bronze.
Logo após bater a mão na parede e perceber que ficou sem o ouro, Phelps amarrou a cara e saiu da água sem cumprimentar ninguém, balançando a cabeça em sinal de desaprovação. Enquanto isso, Biedermann correu para arquibancada e abraçou seu técnico, aumentando ainda mais a gritaria da torcida alemã. O vencedor vestia o novo modelo da Arena, o X-Glide, enquanto Phelps se manteve com o lZR Race.
No primeiro dia de competições, Biedermann já tinha brilhado, ao bater o recorde histórico de Ian Thorpe nos 400m livre, com 3m40s07. O alemão assume, portanto, o posto de estrela do Mundial até agora.
Foi a primeira vez que Phelps perdeu os 200m livre desde 2004. E o americano nem teve tempo de curtir a fossa. Assim que deixou a piscina principal, foi obrigado pelo técnico a cair na de treino, para “soltar”. O nadador não gostou da instrução e reclamou, mas teve que cumprir a ordem, já que volta à piscina no fim da sessão para as semifinais dos 200m borboleta.
Pouco depois, ele subiu no segundo degrau do pódio para receber a prata. Levantou os braços para a torcida americana com um sorriso tímido. Quando o ouro foi entregue a Biedermann, o sorriso foi muito mais empolgado, assim como os gritos que vinham das arquibancadas. E aí, sim, os dois trocaram um aperto de mão, antes de o hino alemão tomar conta do Foro Itálico.
Ao fim do hino, Phelps quase ignorou a foto oficial e já ia saindo, quando foi chamado por Biederman. Voltou e, tímido, posou com a prata no peito. Antes de deixar a área da piscina, ainda teve de parar mais duas vezes para as fotos oficiais. Sai cabisbaixo, puxando a fila dos medalhistas, e tirou a medalha do peito. Logo atrás, Biedermann dançava e acenava para a torcida. O Mundial de Esportes Aquáticos tem um novo astro.