Após o advento da pílula anticoncepcional, considerada uma revolução dos anos 1960, veio a possibilidade de decidir o momento de engravidar. Agora, as mulheres estão optando pelo congelamento de óvulos, que faz prolongar o período de fertilidade. Os médicos calculam que cerca de mil mulheres brasileiras optaram pela técnica. O serviço só é disponível em clínicas particulares e pode custar entre R$ 9 mil e R$ 15 mil.

O descongelamento, a fertilização e reintrodução do óvulo costumam já estar incluídos neste preço. Enquanto o óvulo ficar guardado, há uma anuidade de até R$ 700 para manutenção.

A técnica no início foi mais usada por mulheres que iriam passar por tratamentos, como a quimioterapia para o câncer, que podem provocar a esterilidade. Isso está mudando. “Dentro de um critério pessoal, elas querem preservar essa possibilidade, adiando a maternidade”, diz o médico Isaac Yadid.

A dona de casa Zélia Freire, de 47 anos, que mora em Vitória, foi a primeira brasileira a congelar o óvulo que conseguiu engravidar. A filha dela, Júlia, já está com 7 anos. Zélia usou a técnica porque estava com medo de passar da idade de ter filhos: “Foi de primeira. Por isso que falo que sou abençoada. Não tinha nenhum caso no Brasil ainda e deu certo na primeira vez. Foi ótimo. Foi maravilhoso”.

Cerca de mil brasileiras que não querem se decidir com pressa já aderiram à nova técnica para garantir uma gravidez no futuro. A data de validade de um óvulo congelado é de 15 anos.

Nascimentos

No Brasil, mais de cem crianças já nasceram de óvulos que estavam congelados. Um número que pode ser considerado ainda pequeno se comparado com outras técnicas de fertilização em laboratório.

Em um laboratório de uma clínica particular do Rio de Janeiro, os técnicos manipulam mais um óvulo, recém retirado de uma mulher. Ele vai ficar congelado a 196 graus negativos até que no futuro possa ser fecundado, gerando uma criança.

Lado masculino

O congelamento do espermatozóide já é feito há mais de 50 anos. Mas do lado feminino, a estrutura do óvulo é muito mais complexa, por isso o congelamento é mais difícil. Só passou a ser feito com uma chance maior de sucessos há poucos anos, praticamente depois da virada do século. Está aumentando o número de mulheres que não quer engravidar agora, mas não abre mão de ter um filho no futuro.