Mais da metade dos automóveis com mais de sete anos de uso circula sem manutenção pelo país, de acordo com pesquisa do Gipa, órgão internacional especializado em pós-venda. O índice de reparos preventivos cai com o envelhecimento da frota (veja gráfico abaixo).
No primeiro ano, o percentual de manutenção chega a 73%, enquanto os outros 27% procuram um mecânico por motivos específicos. Entre os mais velhinhos, com 15 a 20 anos de uso, apenas 41% vão às oficinas antes do carro apresentar algum problema.
Segundo o GMA (Grupo de Manutenção Automotiva), que reúne entidades como Sindipeças (sindicato da indústria de componentes) e Andap (associação dos distribuidores), mais de 5 milhões de automóveis que têm entre 10 e 15 anos de idade não fazem manutenção preventiva. A quantidade é superior à frota circulante de automóveis nos Estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia.
A idade média da frota de carros do país em 2008 (22,3 milhões) era de nove anos, de acordo com o Sindipeças, cinco meses a menos do que no ano anterior.
“O motorista espera que o veículo dure pra sempre”, afirma Antônio Carlos Bento, coordenador do GMA, lembrando que a qualidade das estradas e das ruas interfere diretamente no tempo de necessidade de manutenção.
Entre os principais problemas encontrados, de acordo com o coordenador do GMA, estão conservação ou fixação deficiente das correias, limpador e lavador do parabrisas danificados, folga ou falhas no pedal da embreagem, lâmpadas dos faróis principais fora de funcionamento e vazamento de óleo.
Gastos maiores também podem ser evitados se o motorista não esperar pelo defeito. Segundo Bento, uma correia dentada custa, em média, R$ 150, mas, se não for trocada no tempo correto e arrebentar, pode gerar problemas no motor que levem a um prejuízo de até R$ 4 mil.
A manutenção se torna ainda mais indispensável para quem pretende vender o carro. A cada automóvel novo emplacado, 2,5 usados são vendidos, de acordo com estimativa da Fenauto (Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos).
“Somos obrigados a garantir o que vendemos. Fazemos um orçamento de quanto se gastaria para recuperar o carro e abatemos o valor do que está sendo cobrado”, diz Ilídio Gonçalves dos Santos, presidente da Fenauto, lembrando que a garantia mínima determinada pelo Código de Defesa do Consumidor é de três meses, independentemente da idade do veículo.