O último fim de semana de isenção no Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros novos fez aumentar as vendas em concessionárias de São Paulo. Algumas chegaram a vender o dobro do registrado em outros finais de semana.
A Peugeot, que realizou um feirão no Shopping Center Norte, vendeu 440 carros no sábado (26). O número superou o registrado normalmente em finais de semana: entre 200 e 250 carros, segundo a assessoria de imprensa da montadora.
O desconto no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) será reincorporado pelas montadoras de forma gradativa a partir da próxima quinta-feira (1º). Por isso, a corrida dos clientes foi pelos carros disponíveis em estoque, já que, para compras por encomenda em que o carro só será faturado após a quarta (30), não haverá mais o desconto do imposto.
“O consumidor veio pra comprar e, se percebe que não tem o modelo, aceita outro, mesmo com item a mais de opcional, para aproveitar a vantagem do IPI”, conta Nasser Salloum Filho, gerente-geral da Catalbiano no Pacaembu. O resultado, segundo ele, foi um aumento de 100% nas vendas no fim de semana.
“Tem cliente que queria carro preto e está levando vermelho. Quem queria um Palio 1.0, muda para Palio 1.4. Estão pegando o que tem”, conta o supervisor de vendas da Itavema Fiat no Itaim, Leandro Silveira de Macedo.
Na rede Itavema Fiat – cinco lojas na capital – as vendas aumentaram até 60% para alguns modelos, na comparação com um fim de semana comum. “Acho que vou começar meu dia na segunda com o estoque 50% menor”, prevê a gerente-geral do grupo, Ana Maria Junqueira. Ela espera que as vendas sigam o mesmo ritmo até a quarta.
Em algumas concessionárias, a falta de carros em estoque teve de ser driblada. “As vendas estão sendo [feitas] com prazo de mais ou menos 15 dias. Não vou ter todos os veículos na pronta-entrega. Estou vendendo e honrando o preço”, explica Vytas Sipas, gerente da Da Vinci no Morumbi, que, desta forma, conseguiu “praticamente dobrar” as vendas no fim de semana.
1ª parcela ‘esticada’
Além do desconto no IPI, quem foi às lojas em busca de um carro novo recebeu diversas ofertas, como IPVA grátis, aparelhos de som e até a primeira parcela bem “esticada”. “Dependendo do valor da entrada e do prazo [de financiamento], temos a primeira parcela para 90 dias, inclusive [para pagar] com o 13º salário”, conta Luciano Vieira de Almeida, gerente de vendas da Brasilwagen, na Vila Guilherme.
Segundo ele, a rede, com seis lojas, vendeu 250 carros novos desde o sábado até as 16h deste domingo (27), quatro horas antes de terminar o feirão. “Vamos chegar a 300, com certeza”, disse.
Compra adiada
O governo anunciou a redução do IPI no dia 15 de dezembro do ano passado. Para carros populares, de até mil cilindradas, o imposto caiu de 7% para zero e, para automóveis entre mil e duas mil cilindradas movidos à gasolina, recuou de 13% para 6,5%. Para carros flex (bicombustível) e movidos à álcool, o imposto caiu de 11% para 5,5%. Não houve alteração para veículos com mais de duas mil cilindradas.
A partir da quinta (1º), haverá um aumento gradual do imposto. O IPI de carros de até mil cilindradas subirá para 1,5% em outubro, para 3% em novembro e para 5% em dezembro, retornando ao patamar anterior de 7% no dia 1º de janeiro de 2010.
Para alguns, o fato de o IPI aumentar gradualmente a partir da quinta – em percentuais menores – pode levar alguns consumidores a adiar a compra do carro novo.
“Para muita gente, esse 1,5% não muda muita coisa. Muitos acabam se preparando mais e comprando o carro [depois], mesmo com R$ 500 a mais”, opina o gerente de vendas da Superfor no Butantã, Sérgio Shiguero, que participou de um feirão em Guarulhos. Segundo ele, as vendas de veículos novos no feirão corresponderam a 50% da expectativa inicial.