Sem definir números, o Brasil se vê em posição de “cobrar todo mundo” e quer levar metas ambiciosas para a cúpula em Copenhague que definirá um novo tratado contra o aquecimento global.
“Assumimos uma posição de liderança que nos permitirá cobrar de todos, especialmente dos mais ricos, metas de redução claras e ambiciosas”, afirmou o presidente Lula ao lado do premiê belga, Hermann Van Rompuy, que o recebeu ontem.
Segundo o chanceler Celso Amorim, a mudança climática foi o principal tema do encontro. “[O Brasil] quer ir com números claros, para que ninguém possa se esconder atrás do Brasil e o Brasil também não se esconda.”
Mas o país ainda não colocou que números seriam esses. “O número com relação a desmatamento está praticamente definido [reduzir cerca de 70% até 2017], e isso tem uma repercussão natural na queda das emissões.”
O ministro retomou o discurso de que o ônus maior é dos países desenvolvidos, que começaram a poluir antes. “A gente fica preocupado também em os países ricos dizerem que eles têm uma meta X, mas aí metade daquele X na realidade é de mercado de carbono, que eles estão comprando de outros países”, declarou. “Não somos contra o mercado, mas ele não pode diminuir as obrigações dos ricos.”
Segundo Amorim, o Brasil costura um programa de princípios com a França para apresentar em dezembro. “Claro que tem uns detalhezinhos ainda”, disse, sem se estender.