A doença de Chagas é resistente à terapia celular com células-tronco da medula óssea. O primeiro grande estudo feito no Brasil com o objetivo de melhorar a qualidade de vida dos chagásicos por meio da injeção de material celular mostrou que não será fácil recondicionar o coração dos doentes dessa forma.
Os dados, apresentados em simpósio no Recife, resultam do acompanhamento sistemático de 187 pacientes. Desse total, 135 foram analisados por mais de um ano. Todo o grupo investigado recebeu medicação contra o parasita da doença.
Depois, 95 entraram no grupo controle e outros 92 receberam de fato a injeção intracoronária. Todo o material injetado saiu da medula dos próprios pacientes.
“Não é que não houve melhora. Tanto as pessoas do grupo controle quanto as do grupo que recebeu as injeções melhoraram no mesmo nível”, afirma o pesquisador Ricardo Ribeiro dos Santos, um dos coordenadores do estudo, atualmente ligado ao Hospital São Rafael (BA).
Ou seja, na visão dos pesquisadores –Antônio Carlos de Carvalho, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) foi quem apresentou os resultados– a injeção com células da medula (a porção real de células-tronco no material é pequena) não fez muita diferença.
“A melhora ocorreu nos dois grupos, talvez, porque essas pessoas passaram a ser mais bem tratadas, de uma forma geral”, diz Santos.
De acordo com Carvalho, um dos problemas técnicos que pode estar por trás dos resultados é a falta de aderência das células injetadas aos corações dos doentes. “Boa parte das células vai parar no fígado”, diz o pesquisador. Apesar dos resultados, a dupla afirma que não vai desistir. Novos protocolos já estão sendo preparados.