Praticar atividades complexas como o malabarismo pode produzir mudanças significativas na estrutura do cérebro e melhorar seu funcionamento, segundo um estudo publicado na edição desta semana da revista científica Nature Neuroscience.
Segundo a pesquisa, a atividade aumentaria a massa encefálica branca – sistema de fibras e nervos que atua na transmissão de informações que serão processadas pela massa cinzenta e considerada como o sistema de rede do cérebro.
Os pesquisadores da Universidade de Oxford, na Inglaterra, analisaram 24 adultos que não sabiam fazer malabarismo durante um período de seis semanas.
Os participantes foram divididos em dois grupos – o primeiro recebeu seis semanas de treinamento de malabarismo e praticaram a atividade 30 minutos por dia. O segundo grupo permaneceu sem a atividade.
Para identificar as possíveis mudanças no cérebro dos adultos, os pesquisadores realizaram exames de ressonância magnética nos participantes no início e no final das seis semanas.
Os resultados indicam que os adultos que praticaram malabarismo apresentaram um aumento de 5% na chamada massa branca. O aumento foi identificado na parte posterior do cérebro chamada de sulco intraparietal, que contém nervos que reagem quando tentamos alcançar objetos incluídos na visão periférica.
Prática
Segundo os pesquisadores, o aumento na massa branca está relacionado ao tempo gasto na prática da atividade e não no nível de destreza com os malabares. Isso porque houve variação na habilidade dos 12 adultos que praticaram malabarismo depois das seis semanas.
“Claro, isso não significa que todo mundo deva começar a praticar malabarismo. Só escolhemos essa atividade porque é complexa”, disse Heidi Johansen-Berg, que liderou a pesquisa.
Segundo ela, serão necessários mais estudos para identificar o que muda no cérebro quando as pessoas estão aprendendo uma atividade complexa. Além disso, ela afirmou ainda que mais pesquisas serão necessárias para avaliar se os resultados mostram mudanças no formato ou no número de fibras nervosas.
Tratamento
Johansen-Berg afirmou ainda que o estudo tem aplicações clínicas, mas ainda bem distantes.
“Saber que os caminhos do cérebro podem ser aprimorados pode ser significativo em longo prazo para novos tratamentos para doenças neurológicas como a esclerose múltipla, quando esses caminhos estão degradados”, disse.
A professora Cathy Price, da Wellcome Trust Centre for Neuroimaging , que trabalha na pesquisa da imagem neurológica, é “animador ver provas de que o treinamento pode mudar as conexões da massa branca”.
“Esse resultado complementa outros estudos que mostram alterações na massa cinzenta e incentiva novas pesquisas sobre os mecanismos celulares por trás desses efeitos”, afirmou.
Alterações e aumento da massa cinzenta há haviam sido objetos de estudos anteriores, mas uma melhoria da massa branca ainda não havia sido demonstrada.