Passado o período de reajuste de produção, em função do aumento da procura por carro gerado pela redução do IPI, a indústria automobilística nacional estabiliza a fabricação de veículos e registra queda de 6,7% em setembro em relação ao volume que saiu das linhas de montagem em agosto. Assim, as montadoras fabricaram em setembro 275,3 mil unidades, sendo que no mês anterior o volume era de 295 mil veículos (ao considerar automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus). Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (7) pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

“Em setembro, houve reflexo na produção das greves que aconteceram no mês por causa das negociações salariais. As paradas na produção representaram queda de 20 mil unidades fabricadas”, afirma o presidente da Anfavea, Jackson Schneider. O representante da indústria afirma que o outro motivo da frenagem na produção é a contínua queda das exportações, resultante da redução do tamanho dos mercados externos.

No acumulado do ano, a produção reflete a crise econômica, especialmente nos mercados internacionais. De janeiro a setembro deste ano, foram produzidas 2,32 milhões de unidades, contra 2,62 milhões registradas no mesmo período do ano passado. A queda chega a 11,5%.

A situação só não foi pior, por que a demanda interna por veículos não foi tão afetada pela crise. O que comprova isso é o desempenho dos licenciamentos realizados neste ano. Somente em setembro, foram emplacadas 308,7 mil unidades, sobre 258,1 mil licenciadas em agosto. O crescimento é de 19,6 %. Isso reflete também a busca do consumidor pelo desconto do IPI que, a partir de outubro sofre redução gradativa.

De acordo com Schneider, setembro foi o melhor mês da história da indústria automobilística em número de emplacamentos. O mês registrou também o melhor dia em vendas, com 26.157 veículos licenciados em apenas um dia. “Mesmo havendo um reflexo da antecipação das compras por causa do IPI, o número dos licenciamento foi fora do normal. Caminhamos para o ano de melhor desempenho do mercado brasileiro”, ressalta.

Em relação ao acumulado, a expansão já é de 4,2 %. Ou seja, de janeiro a setembro deste ano foram emplacadas 2,3 milhões de unidades e, no mesmo intervalo de 2008, foram registradas as vendas de 2,21 milhões de veículos.

Automóveis e comerciais leves

Ao considerar apenas a produção de automóveis e comerciais leves, a queda de produção em setembro , em relação a agosto é de 7,7%. No período saíram das linhas de montagem 260.649 automóveis e comerciais leves, contra 282.300 em agosto.

A queda maior é notada no segmento de comercias leves, já que são veículos utilizados tanto para passeio quanto para transporte de cargas. Neste caso, a queda é de 9,3%, com 36.378 unidades fabricadas. No acumulado, a redução da produção dos dois segmentos chega a 10%: de 2.460.239 unidades produzidas entre janeiro e setembro de 2008, para 2.213.251 até setembro deste ano.

Exportações

O quadro reflete a forte quedas das exportações. No total de veículos, as exportações despencaram 42,8%. Entre janeiro e setembro de 2008 haviam sido vendidos no mercado externo 571.834 veículos, enquanto de janeiro a setembro deste ano foram registradas apenas 326.858 unidades. Desse volume, 310.513 foram carros (automóveis e comerciais leves ), que apresentaram queda de 41,4%. Já as exportações de caminhões caíram 67,9 % até agora. Foram 30.053 unidades vendidas no acumulado do ano passado, contra 9.656 neste ano. O segmento de ônibus acompanha a tendência e caiu 41,8%. De 11.499 unidades para 6.689. “A exportação continua no mesmo patamar de queda”, diz o presidente da Anfavea.

Em valores, a queda representa a venda total de US$ 5,57 bilhões. Isso significa, que as exportações em valores apresentaram queda de 48,3% em relação ao registrado entre janeiro e setembro de 2008, quando a indústria acumulou US$ 10,76 bilhões. Ou seja, o reajuste de preço dos produtos feitos por parte da indústria conseguiu estancar os prejuízos.

Empregos

Em setembro estavam empregados pelas montadoras 121.240 pessoas diretamente. O número é 0,6% maior em relação a agosto, quando as fábricas empregam 120.548 pessoas. No entanto , ao comparar com o volume de emprego de setembro de 2008, a queda é de 7,6%. Na época, trabalhavam diretamente nas fábricas das montadoras 131.159 funcionários. Segundo Schneider, os últimos anúncios de contratação feitos pela indústria só serão contabilizados nos próximos meses como postos de trabalhos.