O advogado Wellington Correa da Costa Júnior, que defende o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, da acusação de ser o mandante da morte de João Morel, assassinado em uma cela do Presídio de Segurança Máxima de Campo Grande, em 21 de janeiro de 2001, afirmou durante o julgamento desta terça-feira que “nem os parentes” de Morel acreditam que Beira-Mar tenha sido o responsável pelo crime.
A acusação sustenta que, por telefone, Beira-Mar teria ordenado que quatro detentos matassem Morel, com quem disputava o controle do tráfico na fronteira, na rota da Bolívia. O julgamento é presidido pelo juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida, da 1ª Vara do Tribunal do Júri.
A disputa entre Beira-Mar e Morel, que seriam comparsas no tráfico de drogas, começou em janeiro de 2000, quando dois irmãos de Morel (Ramón e Mauro) foram assassinados em Capitan Bado, cidade paraguaia que faz fronteira com o município sul-mato-grossense Coronel Sapucaia. Beira-Mar teria mandado matar Ramón e Mauro. Em maio de 2000, Morel foi preso na fronteira e levado para Campo Grande. Um ano depois, foi assassinado.
Odair Moreira da Silva, conhecido como Marreta, confessou ter matado Morel e hoje cumpre pena em um presídio do Paraná. Durante as investigações, Ivanézio de Souza, que cumpria pena numa cela ao lado da que ocorreu o crime disse ao Ministério Público que Marreta iria receber R$ 60 mil e uma chácara, pagos por Beira-Mar. Entretanto, o MP não conseguiu confirmar que Marreta recebeu o suposto pagamento pelo crime.
O julgamento deve durar o dia todo e o quarteirão onde fica o prédio do Fórum, na região central de Campo Grande, está interditado e cercado por 250 policiais federais, além de policiais civis, militares, homens da Força Nacional e agentes penitenciários. Um helicóptero sobrevoa a região.