Gilberto Gil, que se apresenta neste sábado (7) no Porto e na próxima terça-feira (10) em Lisboa com o filho Bem e o violoncelista Jacques Morelenbaum, prepara um novo disco sobre as festas juninas, e vai fazer uma canção para Tereza Salgueiro. Em declarações à Agência Lusa, o músico afirmou que deve entrar em estúdio “em janeiro ou fevereiro” para gravar.
No palco da Casa da Música e no Centro Cultural de Belém, Gilberto Gil não apresentará nenhuma destas canções até porque tem preferido “redescobrir” o seu repertório “com novas roupagens”. “Tenho um repertório de cerca de 500 canções e algumas ficaram esquecidas, outras foram-se perdendo, e agora me dá curiosidade em revisitá-las, tanto mais com estes arranjos de cordas que são mais sensíveis nas harmonias”, explicou o músico.
O encontro entre os três músicos “era uma vontade muito grande do Jacques”, explicou Gilberto Gil. O músico não revelou o que vão tocar, preferindo que “seja uma surpresa para o público” como foi para si “redescobri-las com esta nova roupagem que permite passear por cada canção”.
Referindo-se ao filho Bem, com quem partilhará o palco, afirmou que é “como se fosse filho duas vezes, pois é um apreciador” da sua música e também “cultiva o violão”. “O Bem é um prolongamento meu, é um apreciador da minha forma de tocar e compor, há um interesse direto, é meu filho por duas vezes”, disse.
Bem não é o único filho do cantor e compositor que também anda pelas lides musicais. “Houve o Pedro, baterista, que morreu de acidente, há a Preta, a Nara e o Bem. Com todos é interessante e tocante estar junto em palco, temos uma maior partilha até da vida por falarmos a linguagem musical. É reconfortante”, disse. Gilberto Gil e Bem estiveram já juntos em palco em Portugal em 2001.
O músico brasileiro acompanha “conforme pode” o que se faz musicalmente em Portugal. “Ainda agora atuei com a Tereza Salgueiro, e o seu guitarrista Pedro Jóia que é excelente e me convidou para fazer uma canção para ela, em que aliás comecei já a trabalhar”, disse.
A música de Gil deverá integrar o próximo álbum da ex-vocalista dos Madredeus. “Trabalhei já com a Mariza e a Orquestra das Beiras, num espetáculo em Aveiro, com a Maria João com quem trabalho muito, e gosto. Gosto também da pianista Maria João Pires que tem feito um trabalho relevante”, disse.
Em relação ao seu próximo trabalho o músico afirmou que se inspirou nas “Festas Joaninas [Santos Populares]” que é “um ciclo muito rico de tradições musicais e culturais populares, principalmente no Nordeste”. Começará a gravar no início do próximo ano, “para coincidir o lançamento do CD a tempo das festas e fazer uma série de concertos em locais especiais”, adiantou.
Em declarações à Lusa, o músico afastou qualquer possibilidade de voltar a envolver-se na política, principalmente ser candidato à vice-presidência da República, ao lado de Marina Silva. “Já falei para ela [Marina Silva] que estou fora, não estou interessado em voltar à política”.