Apesar de apresentar indícios de estar em pleno processo de recuperação, a indústria de transformação paulista só deve retomar o crescimento anterior a crise financeira internacional em quatro meses. Essa estimativa foi apresentada hoje (26) pelo diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Francini. Para 2010, ele prevê um aumento mínimo de 9,3% na atividade no setor.
O executivo prevê que a produção deve voltar ao nível anterior no final do primeiro trimestre de 2010. De janeiro a outubro deste ano, o desempenho da produção ainda está 11,6% abaixo de igual período do ano passado. Mas, segundo o levantamento da Fiesp, a recuperação tem sido gradual e atingiu em outubro alta de 4,5% sobre setembro, muito próximo da melhor marca (4,7%).
“É uma forte recuperação”, classificou Francini, advertindo, no entanto, que esse movimento é de recuperação. De acordo com sua análise, a produção crescerá em ritmo superior a de oferta de postos de trabalho. Nesse processo, acredita, haverá influência positiva das medidas de incentivos fiscais do governo federal, com as isenções ou descontos na cobrança do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) para determinados segmentos.
Entre os setores com bom desempenho em outubro estão a indústria de alimentos e bebidas com 1,4% de aumento sobre setembro e de 4,2% de janeiro a outubro. Segundo Francini, uma das principais razões para essa evolução é a mudança de mix nas usinas sucro-alcooleiras. Com os preços em alta no mercado mundial, a produção de açúcar cresceu 12%, mais do que o aumento da safra (9%), enquanto a do álcool etanol teve alta de apenas 3%.
Isso influenciou o aumento de 14,9% nas vendas de alimentos e bebidas no acumulado do ano e em 8,6% sobre outubro do ano passado. Na comparação com o mês anterior, houve alta de 0,5%.
A indústria automobilística também teve forte expansão. A atividade no setor foi 17,2% maior do que em setembro e 3% acima de outubro do ano passado. Mas ainda é 13,8% inferior, quando comparada ao acumulado do ano passado. O problema do setor, segundo Francini é o déficit comercial no ano passado que foi de US$ 1,4 bilhão. De janeiro a outubro, as exportações de veículos, incluindo ônibus e caminhões alcançaram US$ 4,2 bilhões ante US$ 5,7 bilhões de importados.