Há uma sólida evidência científica de que o nosso corpo é programado desde o nascimento para uma resposta positiva aos doces. Se um pouco de açúcar é colocado na ponta da língua de um recém-nascido, o bebê vai demonstrar que está gostando e tentará engolí-lo.
Circuitos elétricos que ligam a língua diretamente ao cérebro nos fazem apreciar coisas doces. Além disso, todos têm igualmente uma inclinação inata para o sal, já que esse mineral é essencial à sobrevivência.
Apesar de estes gostos inatos parecerem explicar nosso desejo pelas guloseimas, investigações recentes descobriram a atração oculta: gordura. Pesquisadores afirmam que a maioria dos desejos por alimentos é direcionada para as gorduras. Os alimentos dos quais mais gostamos são combinações típicas de gordura e açúcar, como o sorvete; ou então gordura e sal, como as batatas fritas.
O açúcar e o sal podem agir como fabricantes de sabor que nos ajudam a identificar os alimentos que irão desencadear essa corrida pelas calorias.
Outro tipo de pesquisa efetuada em ratos sugere que um composto químico do cérebro chamada “galanina” pode desempenhar papel importante no desejo pela gordura: algumas cobaias demonstravam menor desejo do que as que tinham níveis elevados dessa substância no cérebro. Níveis altos de “galanina” e de outra substância química chamada “neuropeptídeo Y” – que controla a ingestão de carboidratos – foram encontrados em ratos geneticamente obesos.
Não se sabe se o mesmo tipo de elemento químico cerebral afeta o apetite humano. Mesmo se o fizerem, as pessoas são muito mais complexas do que os animais em termos de desejos alimentares. Comemos por tantos motivos que estes estão totalmente fora de relação com as necessidades biológicas. Já os ratos não comem porque estão em depressão, ou porque foram ao cinema ou porque seus amigos também estão comendo. Na verdade, o aspecto biológico é o componente mais forte de todos os desejos: se a pessoa está deprimida, pode devorar um grande saco de batatas fritas. Mas se ela estiver numa boa poderá simplesmente pensar: “Não, na verdade não preciso disso agora”. E a necessidade, ou a vontade, de comer passa.
O desejo por um alimento em particular não é o problema em si, mas o que importa é como respondemos a ele.
Não importa o quanto você consome, mas como você se sente. Há pessoas que ficam simplesmente apavoradas depois de darem uma mordidinha numa barra de chocolate, e esta não é uma atitude muito saudável com relação aos alimentos.
O desejo por alimentos não está, necessariamente, ligado à quantidade consumida, e pode ser essencialmente satisfeito ao se provar. Isso não significa que você tenha que comer a pizza toda, a menos que se trate de alguém com algum tipo de distúrbio alimentar, para quem o desejo pode ser um gatilho para a comilança.
Os especialistas explicam também que pessoas com distúrbios alimentares, como a bulimia ou aneroxia, em geral se sentirão pior enquanto e depois de se alimentarem. Em geral, quanto mais incontrolável o desejo, mais culpada e ansiosa a pessoa se sentirá depois de comer.
É claro que, dependendo a ocasião, cada um de nós terá respostas diferentes ao estímulo da comida. Mas se por algum motivo, você sentir dificuldade em controlar a necessidade de comer, procure um médico especialista (dietista, psicoterapeuta, psicólogo clínico ou especialista em distúrbios da alimentação), que poderá aconselhá-lo convenientemente.