O prefeito Odair Silis, de Monte Castelo é suspeito de exigir propina na execução de uma obra pública. Ele pede R$ 8 mil a um construtor, que fez a denúncia da irregularidade. O homem foi contratado para construir uma creche em Monte Castelo e afirma que a qualidade da obra foi comprometida porque ele teria de guardar dinheiro para pagar o dinheiro por fora. Imagens mostram uma conversa entre os dois, falando sobre o pagamento. O prefeito nega as acusações.
A empresa do construtor venceu a concorrência pública da obra orçada em R$ 1 milhão. “Autorizaram a gente a começar essa obra. Aí começaram as pressões para a gente pagar”, contou o homem.
A obra foi financiada pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, do Governo Federal. Nesse sistema, os prefeitos administram os recursos e pagam diretamente às empreiteiras. O construtor afirma que foi o próprio o prefeito de Monte Castelo, filiado ao PMDB, quem pediu o dinheiro para liberar a verba pública.
Câmera escondida
Com uma câmera escondida, a reportagem registrou o encontro com o prefeito. segundo o construtor, os R$ 8 mil seriam para o primeiro pagamento. Mas o homem entrega apenas R$ 4 mil. O prefeito fica desconfiado e pergunta se tem mais alguém no canteiro de obras.
Construtor: só quatro mil tá bom, né?!
Prefeito: não tem ninguém, não?
Construtor: não tem não, só se tiver para lá. não, não tem não.
Em outro trecho do diálogo, o prefeito demonstra irritação com o pagamento de apenas uma parte da propina.
Construtor: “quatro contos” não te ajudaram muito não?
Prefeito: um pouco.
Construtor: você está precisando de mais, não é? eram oito mil, mas eu pensei que…
Prefeito: são oito mil. cadê os oito mil?
Antes de ir embora, o prefeito exige ainda mais dinheiro no próximo encontro. Pede R$ 10 mil. O construtor faz outra acusação. Diz que o engenheiro da prefeitura, também exigiu dinheiro indevidamente para fazer as vistorias necessárias. “Ele cobra R$ 2 mil por medição”.
Com a empresa à beira da falência e sem ter como pagar o que era exigido, o construtor diz que foi orientado pelo próprio engenheiro da prefeitura a não seguir o projeto original e a reduzir a qualidade e a quantidade dos materiais usados na obra. Tudo para que sobrasse dinheiro para o pagamento da propina.
“Isso aqui poderia cair na cabeça de uma criança depois. Essa obra está totalmente comprometida da forma que ela está. Para ser sincero, como construtor, não sei nem se ela é recuperável. Eu, na minha opinião técnica, derrubaria esse pavilhão inteiro”.
O caso já está sendo investigado pela Polícia Federal. O engenheiro da Prefeitura não quis comentar a acusação. Já o prefeito, negou tudo. “Propina? Eu nunca recebi, nada, nada, nada”.
As informações são do G1. Mais detalhes na edição amanhã do Jornal Regional.