O diretor do setor de gripes da Organização Mundial de Saúde (OMS), Keiji Fukuda, afirmou que o vírus da gripe A H1N1 tornou-se a cepa predominante da gripe em circulação no mundo. Em alguns países, o vírus da gripe A H1N1 representa 70% dos vírus da doença pesquisados, disse Fukuda nesta quinta-feira.
A maioria das pessoas se recupera da gripe A H1N1 sem tratamento médico. Porém as autoridades de saúde continuam a notar casos graves também em pessoas com menos de 65 anos – que geralmente não correm muitos riscos durante as temporadas da gripe comum.
“Nós permanecemos bastante preocupados com os padrões que estamos notando”, afirmou Fukuda, durante entrevista coletiva. Segundo ele, o vírus parece bastante estável e as amostras pelo mundo permanecem muito parecidas desde a identificação do vírus, em abril.
A Ucrânia teve nos últimos dias um forte aumento da disseminação da doença, com 25 mil novos em alguns dias. Segundo Fukuda, porém, o vírus nesse país não parece diferente do encontrado em outros locais.
“Nós simplesmente temos que entender que o influenza pode causar epidemias em um número muito grande de pessoas”, disse ele. “Os padrões podem ser muito diferentes de país para país.”
Fukuda disse também que a agência monitora o impacto do vírus particularmente em populações suscetíveis. Na Venezuela, funcionários informaram que o vírus atingiu índios ianomâmis, matando sete pessoas de uma população total de 28 mil.
O diretor da OMS notou que os aborígines na Austrália são desproporcionalmente afetados pela gripe A H1N1. Segundo ele, não se sabe se isso ocorre pois eles são geneticamente mais vulneráveis ao vírus ou se possuem outros problemas de saúde que pioram o quadro.
Já há programas de vacinação para a gripe A H1N1 em mais de 20 países. Segundo Fukuda, a vacina é “bastante segura” e não há riscos de efeitos colaterais raros ou perigosos. Fukuda também disse que a OMS ficou surpresa com o fato de apenas uma dose da vacina funcionar. Inicialmente, os envolvidos na produção diziam que seriam necessárias duas doses.
Em crianças com menos de 10 anos, os fabricantes ainda recomendam duas doses. Segundo Fukuda, porém, a OMS acredita que uma dose também pode já ser efetiva nesses casos. O médico apontou ainda que “é melhor fornecer uma dose para tantas crianças quanto possível que duas doses para menos crianças”.