O mês de dezembro está quase chegando ao fim e com ele as festas corporativas de fim de ano. É um momento de descontração e de celebração em meio aos colegas de trabalho. Mas é exatamente nessa hora que a atenção do funcionário deve estar redobrada, já que a dose excessiva de comemoração pode extrapolar os limites do que é aceitável nas relações profissionais. Muitas pessoas, no entanto, se esquecem que, embora seja uma festa, estão entre pessoas com as quais convivem em ambiente de trabalho, todos os dias. E o comportamento, como acontece no trabalho, continua sendo observado e avaliado por colegas, chefes, subordinados e, às vezes, clientes.
No mercado de produtos corporativos há manuais para praticamente tudo. Existem aqueles que ensinam a “como se sair bem numa entrevista de seleção” e, muitas vezes, mesmo entrevistadores experientes são enganados por candidatos treinados na arte de seduzir e manipular. Esses candidatos costumam modular o comportamento de acordo com a situação e vendem uma imagem, representam um personagem até por um tempo longo demais. Mas um belo um dia “se entregam”, mostram quem verdadeiramente são. Comemorações de empresa também se prestam a esse desmascaramento – ou à confirmação de que se está, de fato, diante de alguém admirável.
Festas de empresa podem ser verdadeiras armadilhas para os desavisados que, ligeiramente ébrios, sucumbem às emoções propiciadas pelo clima natalino e se extravasam de modo exagerado. E são excelentes oportunidades de socialização para as pessoas sóbrias. Isto não significa que as pessoas devam ficar travadas, avaliando umas às outras, esquecidas do real motivo de estarem ali. É só evitar o exagero, seja no figurino, no tom, no conteúdo da conversa ou na abordagem de colegas. Tentar parecer intimo de pessoas que jamais lhe deram intimidade é outro erro muito comum nesse tipo de situação.
É preciso entender que, durante a festa, pode-se até buscar proximidade com as pessoas que no dia a dia, por alguma razão, não nos aproximamos, mas com as quais gostaríamos de estreitar relações. Mesmo nesse caso, porém, não podemos perder de vista, principalmente, depois de uma taça de espumante, regrinhas básicas de relações sociais como: pedir licença, se apresentar, iniciar uma conversa amistosa e despedir-se polida e rapidamente, se perceber que não está agradando, que a pessoa abordada prefere outras companhias ou não está muito disposta a interagir.
Evite ser o ‘mala’ da festa. Isso também vale para aqueles que querem mostrar dotes de exímios dançarinos e, além de exibirem-se ostensivamente, ainda insistem em arrastar todo mundo pra pista de dança. Há ainda os exageros à mesa, o abuso de bebidas, o atentado ao bom senso e ao bom gosto. É por isso que se você não quer ser lembrado o ano todo como o ‘mala’ da festa de confraternização da empresa, trate de, pelo menos, comportar-se de acordo com os manuais de civilidade. Ou lembrar-se do conselho de Aristóteles: “a virtude está no meio” – questão de bom senso.
Um comportamento inadequado pode inclusive terminar em demissão, fazendo com que a ressaca moral seja maior do que a provocada pela bebida alcoólica. Mas é difícil que uma pessoa educada, comedida e de bom gosto se transforme no oposto em uma festa. Os que costumam dar “show” nessas ocasiões são aqueles que todos apostam que farão isso mesmo.
Portanto se você não se garante ou não tem amigos que segurem sua onda, alegue outro compromisso inadiável e dê só uma “passadinha” para marcar presença. Ou dê uma boa desculpa e passe longe da festa.
Fonte: Ângela Souza é diretora de desenvolvimento humano e organizacional das empresas Knowtec, Talk Interactive e IEA (Instituto de Estudos Avançados).