Financiar as metas brasileiras de redução das emissões de dióxido de carbono (CO2) vai custar ao País US$ 166 bilhões (R$ 282,2 bilhões) nos próximos 10 anos, disse ontem a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. A maior parte dos recursos será usada para construir usinas hidrelétricas, para, de acordo com ela, garantir a manutenção de fontes renováveis de eletricidade.

Os números são uma conta preliminar. Não entraram na soma, por exemplo, os custos para evitar o desmatamento no Cerrado, que faz parte do cálculo para que o Brasil reduza em 39% a projeção de emissões para 2020. Dos recursos, entre US$ 110 bilhões e US$ 113 bilhões devem ir para a construção de hidrelétricas – a maior parte dessas obras está no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Outros R$ 32 bilhões devem ser destinados à agricultura, com ações de plantio direto e recuperação de áreas degradadas. Conter o desmatamento na Amazônia precisará de US$ 21 bilhões. Hoje, tudo está na conta do governo federal. “Por isso precisamos de financiamento externo. Não é nenhum pecado”, afirmou a ministra.

Ontem, Dilma rejeitou nova proposta para formatação do fundo global de financiamento para mudanças climáticas que não foi apresentada oficialmente ao Brasil, mas é tratada nos bastidores da 15ª Conferência das Nações Unidas para o Clima (COP-15). Países desenvolvidos propõem que 25% do dinheiro do fundo venha de seus recursos, 55% de um mercado de carbono e o resto, “a ver” – traduzindo, dos emergentes.

“Se for 55% de recursos de mercado, não se faz adaptação. Adaptação é basicamente para países muito pobres. É para zonas desérticas na África, para as pequenas ilhas que podem desaparecer, nada que interesse ao mercado”, disse.

O fundo precisa de recursos públicos, na visão dela. O problema, admite, é que existem poucas propostas e a maioria se baseia no mercado de carbono, algo que não atende a maior parte dos países mais pobres. “Recursos precisam ser previsíveis e 55% de financiamento de mercado não é previsível. Não há como fazer investimentos de 10, 15 anos sem previsibilidade.”