Mais de 20 milhões de postos de trabalho foram cortados desde o início da crise econômica mundial, em outubro de 2008, revela um estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT), divulgado nesta segunda-feira. O relatório alerta ainda que quase 43 milhões de pessoas correm o risco de serem excluídas do mercado de trabalho.
“O emprego nos países ricos não vai retornar aos níveis pré-crise antes de 2013. Nas economias emergentes, a recuperação dos níveis de emprego pode começar em 2010, mas não atingirá os índices anteriores à crise antes de 2011”, afirma o relatório Mundo do Trabalho 2009 – A crise global do emprego e perspectivas.
O relatório aponta que as reduções de empregos têm sido menores do que as previsões baseadas em crises anteriores. Mas a organização ressalta que a crise do emprego “é muito mais ampla do que os números sugerem”.
“A economia mundial está mostrando sinais encorajadores de recuperação, mas a crise do emprego está longe de ter acabado”, diz o estudo.
“Há riscos significativos de que a crise do emprego tenha implicações sociais e econômicas negativas por um longo prazo”, afirma
Segundo a OIT, quase 43 milhões de pessoas podem ser excluídas do mercado de trabalho por um longo período ou mesmo definitivamente se programas adequados de estímulo ao crescimento econômico não forem adotados ou se os planos que já estão em andamento terminarem.
“Experiências em relação às crises anteriores sugerem que esse risco é crítico principalmente para pessoas com baixa qualificação, imigrantes e trabalhadores com mais idade”, afirma o estudo, que analisou a situação do emprego em 51 países.
“Pessoas que entram agora no mercado de trabalho, incluindo jovens e mulheres, terão mais dificuldades para obter um emprego.”
Brasil
O estudo da OIT revela que nos países em desenvolvimento “empregos com alta qualificação foram perdidos e os trabalhadores afetados provavelmente migram para a economia informal”.
Nos países ricos, 10,2 milhões de pessoas perderam o emprego desde o último trimestre de 2008. Em países como os Estados Unidos e a Grã-Bretanha, os cortes dos postos de trabalho começaram até antes dessa data.
Nas economias em desenvolvimento, 10,7 milhões de empregos foram cortados desde outubro de 2008, sendo quase 9 milhões apenas no primeiro trimestre deste ano.
O Brasil, a China, a Rússia e África do Sul representam quase a metade do total de empregos cortados nos países em desenvolvimento.
Mas a Turquia, que perdeu mais de 2 milhões de vagas entre o último trimestre de 2008 e o primeiro trimestre deste ano, também foi afetada de maneira dramática, diz a OIT.
De acordo com a organização, o desemprego vem diminuindo desde o segundo trimestre de 2009 nos países em desenvolvimento. Alguns países, como o Brasil, vem mostrando um retorno ao crescimento do emprego, enquanto outros continuam sofrendo cortes dos postos de trabalho, diz o estudo.
“As tendências atuais indicam que o emprego nos países em desenvolvimento não vai retornar aos níveis pré-crise até o final de 2010. No Brasil, no entanto, a recuperação provavelmente será mais rápida”, diz o estudo.
A OIT afirma ainda que 5 milhões de pessoas podem perder o emprego imediatamente. “Apesar da queda da demanda e da produção, as empresas mantiveram milhões de trabalhadores, frequentemente por meio de ajudas governamentais”, diz o estudo.
“Eles correm o risco de perder o emprego se as atividades da empresa se tornarem inviáveis, se os governos retirarem as medidas de apoio ou se a retomada econômica não for forte o suficiente”, afirma a OIT.