Chitãozinho e Xororó fazem música sertaneja, certo? Errado. Pelo menos o novo disco de inéditas da dupla “Se For Pra Ser Feliz”, 31º da carreira, está mais para pop do que para sertanejo. As participações de Andreas Kisser, do Sepultura, e também da banda de rock Fresno, além de Junior, filho de Xororó, e Lucas Lima, genro, deixaram os arranjos mais agressivos. “É para a galera mais jovem dar uma sacada no que a gente está fazendo”, diz Chitãozinho, cheio de gírias.
O disco traz 12 faixas, sendo 10 inéditas. Uma delas, “Duas Lágrimas”, foi composta pela banda Fresno. Para Chitãozinho a letra não fica atrás dos grandes sucessos sertanejos. “É romântica e sofrida, como toda moda de viola feita nas cidades do interior. Ela traz um som de violão de 12 cordas”, diz ele. Os versos confirmam: “Uma lágrima rolou / Do meu olho ao perceber / Que era a última vez / Em que eu ia ver você.”
Chitãozinho acredita que as 12 canções gravadas dão margem para inovações sem, contudo, perderem o sentimento sertanejo. “Caminhoneiro é Bicho Louco”, por exemplo, é sertaneja e feita para um dos maiores públicos da dupla. “A música faz parte da vida dos caminhoneiros”, diz.
Convidar tantas pessoas diferentes, no entanto, exigiu da dupla um controle maior sobre o trabalho. “Foi uma reviravolta mesmo. Mas mantivemos nossa forma de cantar. Inovamos no arranjo sem perder nossa característica.” Confuso? Chitão explica. “Queremos modernizar a música sem perder a essência caipira.”
Trabalhar em família também não foi complicado. Junior, filho e sobrinho da dupla, assumiu a bateria na canção “Gota d?água”, com guitarras de Andreas Kisser. Já o genro de Xororó, Lucas Lima, assina o arranjo em três canções. “É mais fácil trabalhar em família e com amigos. Mas o tratamento que tivemos com eles foi profissional e só entraram no disco porque são competentes”, defende Chitãozinho.