A economia subterrânea aumentou em 0,9% sua participação no Produto Interno Bruto (PIB, soma de todos os bens e serviços produzidos no país) em junho deste ano, em relação a dezembro de 2008. A constatação é de uma pesquisa da Fundação Getulio Vargas (FGV), que mede a economia subterrânea – segmento que inclui tanto atividades informais quanto procedimentos ilegais adotados por setores da economia formal, como a sonegação fiscal e o descumprimento de leis.
De acordo com a pesquisa, no Brasil, a economia subterrânea é influenciada por quatro fatores: maior crescimento da atividade econômica formal, que gera demanda por bens e serviços informais; maior carga tributária, que incentiva migração da economia formal para a subterrânea; maior percepção da corrupção, que também contribui para o aumento da economia subterrânea; e as exportações, que têm efeito contrário, ou seja, quanto maior o volume de exportações, menor a economia subterrânea.
O crescimento da economia subterrânea no primeiro semestre deste ano foi bem inferior ao do semestre anterior, auge da crise econômica internacional, quando foi registrado crescimento de 13,6%. Segundo o pesquisador Fernando de Holanda Barbosa Filho, naquele momento, a economia formal sentiu o impacto da crise, principalmente no setor de crédito. Mas a economia subterrânea foi pouco afetada.
No primeiro semestre deste ano, no entanto, diminuiu o crescimento da economia subterrânea, cujo comportamento começou a ser semelhante ao da economia formal, ainda em recuperação.
“Passado o impacto inicial no mercado de crédito, as duas economias começaram a crescer em ritmo parecido. A carga tributária caiu nesse período de crise. E a redução da carga tributária reduz o estímulo para as atividades migrarem para a economia subterrânea. Ao mesmo tempo, a queda no nível de atividade reduz a demanda de bens e serviços providos pela economia subterrânea, reduzindo o ritmo de crescimento desta”, afirmou Fernando de Holanda.
Segundo a Fundação Getulio Vargas, o crescimento da economia subterrânea só não foi menor porque houve uma redução das exportações e um aumento da percepção da corrupção pelos brasileiros.