Enquanto grande parte do hemisfério norte tem calafrios por causa do frio extremo nas últimas semanas, temperaturas no Ártico atingiram níveis incomumente altos, informaram cientistas norte-americanos.
Essa estranha configuração do clima é causada por uma variabilidade natural e não por gases-estufa. No entanto, ela pode afetar o gelo ártico que, por sua vez, pode ter impactos sobre o aquecimento global, disse Mark Serreze, diretor do Centro Nacional de Dados de Neve e Gelo dos Estados Unidos, com sede no Colorado.
“Está muito quente na região do Ártico, com temperaturas entre 5,6 e 8,4 graus Celsius mais quente do que deveria em algumas áreas”, disse em entrevista Serreze.
Isso contrasta com o frio recorde no leste dos Estados Unidos e Canadá, Europa e Ásia nas últimas duas semanas de dezembro e nos primeiros dias de janeiro, demonstravam dados do centro de pesquisa.
Isso se deve a uma área extensa de alta pressão no Ártico, e uma grande área de pressão baixa nas latitudes medianas, onde grande parte da população do hemisfério norte está concentrada.
Geralmente, essas áreas com diferentes pressões atmosféricas se deslocariam e se misturariam, em um fenômeno conhecido como oscilação ártica. Ao invés disso, elas permaneceram no lugar, no que os cientistas chamam de um fase negativa da oscilação. Uma fase positiva teria sido pressão baixa sobre o Ártico e pressão alta nas regiões de latitudes medianas.
Serreze disse que desde dezembro a oscilação esteve na fase negativa mais extrema desde o início da coleta de dados em 1950.
“Normalmente, a circulação da atmosfera iria misturar essas duas (áreas de pressões atmosféricas diferentes), mas não está acontecendo isso neste momento, então temos essas bolhas de ar frio por cima das latitudes médias”, disse.
As bolhas parecem que começaram a mudar, um sinal de que a fase negativa pode estar enfraquecendo.