O Brasil está disposto a doar R$ 375 milhões (o equivalente a US$ 210 milhões) em ajuda ao Haiti, mas a reconstrução do país deve ser feita pelo próprio governo haitiano, disse nesta segunda-feira (25) o chanceler Celso Amorim, que participa, no Canadá, de conferência sobre a reconstrução do país devastado pelo terremoto no último dia 12.

“Não temos que perder de vista que o centro de todo o esforço de reconstrução é um governo haitiano com capacidade para governar”, disse Amorim em uma coletiva de imprensa em Montreal.

Os “países amigos” do Haiti iniciaram nesta segunda-feira uma conferência na cidade canadense para definir um plano de reconstrução do país caribenho, o mais pobre do continente.

Segundo o chanceler, o governo enviou ao Congresso brasileiro uma proposta de pacote total de ajuda ao Haiti de R$ 375 milhões de reais, o que equivale a cerca de US$ 210 milhões.

O valor inclui as doações, os gastos das forças militares com atividades diretamente relacionadas à assistência humanitária no Haiti, e a construção de dez unidades de saúde.

“Trata-se do maior pacote de ajuda internacional já prestado pelo Brasil, e de um montante muito significativo para um país em desenvolvimento como o nosso”, disse o ministro, segundo reprodução do discurso no site do itamaraty.

Minustah

Amorim, chanceler do país que envia mais soldados para a Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah), disse que a estratégia geral de uma reconstrução haitiana deve ser “fazer mais e melhor”.

“Não é questão de fazer tudo diferente”, insistiu. “São projetos que funcionam a longo prazo como, por exemplo o reflorestamento que o Brasil está desenvolvendo. São planos que levam anos”.

O Brasil disse estar disposto a aumentar de 1.300 para 2.600 seu número de soldados no Haiti, após a recente decisão da ONU de aumentar para 12.650 os efetivo da Minustah.

Amorim assinalou estar de acordo com o aumento do número de soldados da missão e disse que por enquanto o número pedido pela ONU é apropriado.

“A Minustah não deve ter uma presença ofensiva como se fosse uma força de ocupação”, falou o chanceler.

Além disso, negou que os soldados enviados pelos Estados Unidos após o terremoto tenham criado problemas no território. “Falei muito com os comandantes brasileiros (no Haiti) e nenhum deles se queixou (…). Os Estados Unidos estão ajudando e cada grupo tem seu papel”, explicou.

Cuba, Venezuela e Nicarágua acusaram os Estados Unidos de enviarem 20 mil soldados para o Haiti com o objetivo de tirar proveito da situação humanitária no país e aumentar sua presença militar na área.

Além de Celso Amorim, estão presentes na reunião de Montreal o primeiro-ministro haitiano Jean Max Bellerive, a secretária de estado americana Hillary Clinton, o chefe da diplomacia francesa Bernard Kouchner, e representantes da Argentina, Chile, Costa Rica, Espanha, Japão, México, Peru e Uruguai.