Essa é sempre a pergunta corrente todo o começo de ano. O que podemos esperar da música eletrônica? Qual será o rumo tomado pelos artistas? Será que teremos um revival do Techno, do house, electro? Que tipo de festas prevalecerão?

Mas fazendo um panorama do que foi 2009, já podemos ter uma boa(ainda que vaga e imprecisa) idéia de como será o primeiro dos anos 10 do século XXI. A começar por um fato que tomou de assalto todo mundo e não só a música eletrônica: a crise econômica.

No Brasil, não sentimos diretamente o efeito dessa crise, mas o que se observou no exterior, foi um ligeiro enxugamento de festas, além da redução do cachê de artistas renomados, o que nos proporcionou uma certa vantagem. Afinal, o Brasil não estava com tantos problemas assim.

2009 foi um ano recheado de atrações internacionais por aqui. Foram diversos nomes, de diversas vertentes que aportaram por aqui e fizeram a alegria de todos. Gente como Tiesto, Richie Hawtin, Laurent Garnier, todos pisaram em solo brazuca novamente.

Mesmo com essa avalanche de peso, tivemos uma grande valorização de nomes nacionais(The Twelves, Database, Stop Play Moon), inclusive com a criação de uma categoria eletrônica, naquele que é o mais importante prêmio nacional da música(pelo menos para a audiência): o Video Music Brasil da MTV.

Por falar nisso, grande parte da criação dessa categoria se deve à música eletrônica ter sido desvinculada apenas da imagem sisuda e tímida do DJ, para cair na graça de bandas com vocalistas, muito mais carismáticas e de fácil assimilação do público.

Outro ponto a ser ressaltado e que provavelmente deve continuar, é o enxugamento do número de festas open-air. Esse fato já vinha demonstrado seus primeiros sinais em 2008, mas somente em 2009 é que pudemos assistir ao sumiço de diversos núcleos duvidosos, para o monopólio(desculpe o termo negativo, mas foi o único que eu encontrei) de grandes corporações festivas. Nunca tantas festas no Brasil, estiveram nas mãos de tão poucos.

Também foi o ano da avalanche de grandes marcas associarem seus nomes à música eletrônica. Não que isso seja novo. Na verdade é algo relativamente antigo, como pudemos ver o Skol Beats, Nokia Trends, entre outros. Mas em 2009, parece que surgiu uma aura “cool” em associar uma marca à música eletrônica e essa tendência parece não passar tão cedo. Mas se no passado, a onda era trazer grandes nomes, agora o negócio é descobrir o que é novidade lá fora e trazer para cá.

Por isso, nomes pouco vistos por aqui como bandas de electro-rock e DJs de vanguarda puderam ser vistos aos montes. Descobrir o que é interessante e descolado, passou a ser principal função da direção artística das festas. Mas claro, que os velhos nomes de peso de sempre continuaram muito bem vindos.

Ainda no setor de festas, três fatos merecem ser ressaltados: o 1º foi a não realização do mais importante festival de música eletrônica nacional, o Skol Beats. Muito provavelmente a organização detectou um envelhecimento em sua forma (Grandes nomes + diferentes estilos + gigantescas locações urbanas) e o substituiu pelo diferenciado Skol Sensation, um festival pirofágico que apesar da proposta um tanto quanto estranha, emplacou e terá nova edição em 2010.

Outro fato, foi o fortalecimento e firmação do festival XXXperience, que antes era tachado de burro e com atrações duvidosas e agora, desponta como um dos mais bem montados line-ups do ano. E por último foi a introdução do Smirnoff Experience, festa que tomou de sopetão a todos, anunciando um time de artistas grandiosos em uma locação só revelada dias antes da festa. Ou seja, inusitado e como foi previsto, um sucesso.

Tudo isso mostra que as festas open-air, com exceção de algumas resistências, seguem o fluxo do êxodo rural, abandonando os grandes espaços em fazendas(até por conta de problemas com alvarás e coisas do gêneros) e aportam na cidade grande.

Todos esses fatores, apesar de pequenos fragmentos, podem indicar o que esperar de 2010. Quanto aos estilos que vão prevalecer, essa é a mais pantanosa e complicada das tarefas. Afinal, são tantas coisas surgindo, que fica difícil identificar o que vai emplacar ou não. Mas uma dica: apesar da onda não ser nova, o electro-rock vai continuar sendo o “Hype” do momento(não gosto desse termo, mas na falta de outro),o Techno vai seguir firme com sua legião de fãs e os baixos BPMs, essa sim a grande tendência do momento, do Deep House e as diversas derivativas da disco vão continuar reinando em festas ditas descoladas.