Antes do escândalo que envolveu cinco atletas brasileiros flagrados no antidoping às vésperas do Mundial de Berlim no ano passado, o fisiologista Pedro Balikian era um mero desconhecido e tinha uma vida tranquila em Presidente Prudente. Após ser responsabilizado pelas aplicações de substâncias proibidas, o professor da Unesp teve seu nome amplamente divulgado, mas sua identidade ainda é um mistério.

Mesmo com seu nome manchado pela participação no maior escândalo da história do atletismo brasileiro, Balikian vai lançar um livro sobre as suas especialidades. A informação foi confirmada pelo seu advogado Marco Antonio Martins Ramos em entrevista ao jornal Lance.

Ramos admitiu ter contato com Balikian todos os dias. “Vamos tomar chope em Marília. Eu vou colaborar com algumas especificidades jurídicas para o livro que ele vai lançar”, disse o advogado, insistindo que seu cliente não teve envolvimento com os atletas pegos no antidoping.

“Acho que ele foi usado para desviar a atenção das pessoas que realmente estão envolvidas. Pedro é um acadêmico, não se envolveu”, declarou o advogado. “Passaram-se meses e não existe uma única denúncia contra ele, em qualquer esfera”, completou Ramos, que definiu Balikian como um “bon vivant, uma pessoa do bem, isenta”.

Ainda de acordo com o jornal, mesmo tendo uma identidade reservada e uma vida discreta em sua comunidade, Balikian tem um lado artístico. Ele é baixista da banda MP&B, que costuma tocar em barzinhos de Presidente Prudente.

Na quarta-feira, Balikian seria ouvido pela Unesp como parte do processo administrativo instaurado na universidade para esclarecer suas participações no caso. Mas o fisiologista conseguiu uma liminar que interrompeu os trabalhos. Ele não tem vínculo com a confederação, e só está sendo investigado pela sua universidade.

O técnico Jayme Netto, que confessou ter aplicado injeções de EPO nos seus atletas aconselhado por Balikian, também é funcionário da Unesp e seria ouvido. Ele já está suspenso preventivamente pela confederação e aguarda julgamento do STJD. “Minha vida está um caos”, disse ao Lance.

Netto era técnico da Rede Atletismo na época do escândalo, e admitiu ter feito aplicações da substância nos atletas treinados por ele: Bruno Tenório e Jorge Célio Sena (que disputam o revezamento 4 x 100 metros rasos no Mundial), Luciana França (400 metros com barreiras), Lucimara Silvestre (heptatlo) e Josiane Tito (revezamento 4 x 400 metros rasos).