Durante a semana, o Haiti foi destaque em grande parte dos veículos de comunicação nacionais e internacionais devido ao terremoto ocorrido, no último dia 12, que marcou 7.0 graus na escala Ritcher matando milhares de pessoas, entre elas, a fundadora da Pastoral da Criança, a médica brasileira Zilda Arns e 14 militares brasileiros.
O governo brasileiro possui relações com esse país da América Central há algum tempo, uma vez que participa da Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti – MINUSTAH. A missão foi criada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) em 2004, em meio a uma crise nacional com o afastamento do presidente haitiano, Jean Bertrand Aristide e foi prorrogada em 2009 por mais um ano.
Desde então, diversas nações têm contribuído para a estabilização do Haiti, o Brasil, em especial, é o maior contribuinte de tropas militares para a MINUSTAH, com a participação de mais de 1.200 soldados e oficiais das Forças Armadas.
Em Dracena, o chefe de instrução do Tiro de Guerra, o 2º sargento Douglas Emerson Dias dos Santos fez parte do Batalhão de Infantaria de Força de Paz (BRABATT), em Porto Príncipe no período de outubro de 2007 a junho de 2008.
No Exército há 19 anos, a história do sargento de 37 anos, casado e pai de dois filhos, começa aqui, em sua terra natal – Dracena. “Alimentava o sonho de ser soldado do Exército”, conta. Em busca do objetivo, após servir o Tiro de Guerra local, foi para Campo Grande (MS) em 1991. Passou ainda por Minas Gerais, Campinas, Goiânia e serviu na Amazônia na região de divisa com a Colômbia de 2000 a 2004.
Para integrar a tropa do BRABAT, ele explica que o militar deve manifestar interesse. Feito isso, há uma seleção e um processo de treinamento. Este foi realizado em Goiânia e no Rio de Janeiro. Além da preparação militar, os selecionados têm acompanhamento psicológico, noções de idioma e estudam a história do país.
Sobre o terremoto ele relatou que assim como a maioria das pessoas também está comovido e que alguns lugares que foram destruídos, haviam sido reconstruídos ou reformados pelos militares, inclusive por ele. “A gente construiu muita coisa que essa calamidade destruiu. O povo haitiano já é muito sofrido e agora tem mais esse acontecimento trágico”, lamenta.
O sargento dracenense conta que tem alguns colegas em missão no Haiti, atualmente. “Apesar de chocados, eles estão motivados por atuarem na Missão e poderem contribuir com ajuda,” diz. Ele acredita que as pessoas estão muito agitadas em relação as consequências do terremoto, mas a missão é muito bem estruturada. “Tenho certeza de que as providências estão sendo tomadas”, afirma.
Grande parte de sua missão foi na segurança do Palácio Nacional (que desabou) e na escolta de autoridades. Mas, ele também participava de uma atividade que poderia ser chamada de Dia da Ação Social. Eram realizadas muitas ações, como atendimento médico, reconstrução e reforma de escolas, centros comunitários, delegacias, presídios, oficina de pipas para as crianças.
Apesar da situação difícil enfrentada pelos haitianos, o sargento Douglas explica que eles são muito inteligentes. “Falam francês, inglês, espanhol”. Há uma grande identificação com o Brasil tanto pela musicalidade como pelo gosto pelo futebol. “Acredito que o futebol abre portas”, completa.
Colocar em prática os conhecimentos adquiridos, conhecer outras culturas, morar fora, ajudar pessoas, contribuir para a manutenção de paz de um país. Este foi o caminho percorrido pelo menino que queria ser soldado do Exército e acabou usando um “capacete azul”, sendo um soldado da paz, assim pode ser definida parte da história do sargento Douglas.