O mercado de câmbio teve um dia de “trégua” na onda de nervosismo com a economia global. O crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) americano, em linha ou até melhor do que muitos economistas esperavam, ajudou a melhorar o humor, numa sessão carregada de indicadores econômicos importantes. Profissionais de mercado lembraram ainda a tradicional disputa entre agentes financeiros no mercado futuro, que afeta a formação dos preços da moeda americana.
E no último dia útil do mês, o dólar comercial foi vendido por R$ 1,807, em queda de 1,31%, nas últimas operações. Trata-se da menor cotação desde o fechamento de 21 de janeiro. No mês, a taxa de câmbio desvalorizou 4,14%.
Ainda operando, a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) valoriza 0,24%, aos 66.281 pontos. O giro financeiro é de R$ 4,48 bilhões. Nos EUA, a Bolsa de Nova York sobe 0,15%.
Hoje, os preços da moeda americana oscilaram entre a cotação máxima de R$ 1,825 e a mínima R$ 1,800. Nas casas de câmbio paulistas, o dólar turismo foi cotado por R$ 1,910, em um declínio de 2,05%.
A principal notícia do dia veio dos EUA, onde o governo revelou que o PIB do último trimestre (2009) teve crescimento de 5,9%, acima da estimativa anterior (5,7%). O número ajudou o mercado a “superar” as más notícias do restante do dia, como o prejuízo bilionário da seguradora americana AIG (já esperado por alguns economistas) ou mesmo a queda na revenda de casas.
“O mercado está reagindo muito em cima de notícias, tanto as notícias ruins quanto as notícias boas, mas administrando de forma equilibrada. Acho que hoje nós tivemos um momento de melhora no sentimento de aversão ao risco, uma pausa nessa aversão ao risco”, comenta Mário Paiva, analista da corretora de valores BGC Liquidez.
O último dia do mês também é marcado, tradicionalmente, pela “briga” entre os agentes financeiros que ganham com a alta da moeda americana (chamados de “comprados”) e os agentes que ganham com a baixa (os “vendidos”), através de contratos negociados no mercado futuro de dólar (BM&F).
Esses contratos são liquidados pela referência da Ptax –taxa média de câmbio, calculada diariamente pelo Banco Central– do encerramento do mês. Por esse motivo, corretores costumam apontar que a formação regular dos preços nesses dias é afetada pela ação desses agentes financeiros.
Juros futuros
O mercado futuro de juros, que serve de referência para os juros bancários, ajustou para cima as taxas projetadas nos contratos mais negociadas, no dia em que o presidente do BC, Henrique Meirelles, admitiu que a autoridade monetária vai tomar “medidas impopulares” mesmo num ano eleitoral.
No contrato que aponta os juros para outubro de 2010, a taxa prevista avançou de 9,91% ao ano para 9,99%; no contrato de janeiro de 2011, a taxa projetada subiu de 10,41% para 10,48%.