Quarenta por cento das 12 milhões de pessoas diagnosticadas com câncer em todo o mundo anualmente poderiam evitar a doença protegendo-se contra infecções e mudando o estilo de vida, afirmaram especialistas nesta terça-feira.
Um relatório da União Internacional contra o Câncer (UICC), que tem sede em Genebra, na Suíça, ressaltou que nove infecções podem levar ao câncer e pediram que as autoridades de saúde salientem em seus países a importância das vacinas e da mudança no estilo de vida para combater a doença.
“Se houvesse um anúncio de que alguém havia descoberto a cura para 40 por cento dos cânceres do mundo, haveria uma comemoração enorme com razão”, disse à Reuters o presidente da UICC em uma entrevista por telefone.
“Mas o fato é que temos, agora, o conhecimento para evitar 40 por cento dos cânceres. A tragédia é que não o estamos usando.”
O câncer do colo do útero e o câncer de fígado, ambos causados por infecções que podem ser evitadas com vacinas, devem ser a prioridade, indicou o relatório, não apenas nas nações ricas, mas também nos países em desenvolvimento, onde ocorrem 80 por cento dos casos de câncer do colo do útero.
O câncer é uma causa importante de morte em todo o mundo e o número total de casos globalmente está aumentando, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
O número de mortes por câncer no mundo está projetado para subir 45 por cento de 2007 a 2030, passando de 7,9 milhões para 11,5 milhões de mortes, causadas, em parte, por uma população cada vez maior e mais idosa.
O UICC afirmou que quer concentrar a atenção dos responsáveis pelas políticas de saúde nas vacinas de prevenção ao câncer –como a fabricada pela GlaxoSmithKline e pela Merck & Co contra o vírus do papiloma humano (HPV), que causa o câncer do colo do útero, e outras contra a hepatite B, que causa doença hepática e câncer.
“As autoridades de todo o mundo têm a oportunidade e a obrigação de usar essas vacinas para salvar a vida das pessoas e educar suas comunidades para escolhas de estilos de vida e medidas de controle que reduzam o risco delas de câncer”, afirmou o diretor-executivo do UICC, Cary Adams, em um comentário sobre o relatório.
Outras infecções causadoras de câncer incluem as dos vírus da hepatite C, do HIV e do Epstein Barr, um vírus do tipo da herpes transmitido pela saliva.
Os especialistas afirmam que o risco de desenvolver câncer poderia ser reduzido em até 40 por cento se fossem empregadas medidas de prevenção e de imunização total combinadas com mudanças simples no estilo de vida, como parar de fumar, comer saudavelmente, limitar a ingestão de álcool e reduzir a exposição ao sol.