O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) no Pontal do Paranapanema vai boicotar a visita que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará à região na quinta-feira (11). A direção regional do movimento não concorda com a agenda divulgada pelo Palácio do Planalto, que inclui visitas de Lula a uma usina de cana-de-açúcar do grupo Odebrecht, em Mirante do Paranapanema, e ao assentamento Dona Carmen, também no município, que é controlado pelo líder dissidente do MST, José Rainha Júnior. As informações são do site Estadao.com.br
“É um absurdo o presidente Lula vir à região para inaugurar uma usina que usa terras que o Estado considera públicas. É como se ele viesse legitimar o grilo”, diz Márcio Barreto, um dos integrantes do MST no Pontal.
De acordo com Barreto, a visita à usina ocorre num momento em que o MST sofre uma ofensiva por ter intensificado a luta contra a grilagem de terras no Estado. “Temos sete companheiros presos e outros 13 são procurados por terem agido contra o grilo da Cutrale. Para nós, a Odebrecht é a Cutrale do Pontal”, afirma. As prisões a que o sem-terra se refere ocorreram, segundo a Justiça, em razão da depredação da fazenda da empresa produtora de suco de laranja durante uma invasão, em outubro do ano passado.
A visita de Lula ao assentamento está sendo coordenada por Rainha. O líder dissidente se vangloria de ter conseguido assentar 141 famílias no local. Todos os lotes têm casa de alvenaria, água e energia elétrica. “O presidente ignora a história do MST no Pontal e vem fortalecer uma dissidência”, diz Barreto. “Ele prestigia a banda podre, que foi afastada do movimento, e deixa a parte legítima de fora”, completa
Rainha promete mobilizar 10 mil pessoas para receber o presidente Lula no Pontal. A reportagem não conseguiu contato com o grupo Odebrecht. De acordo com Barreto, o MST estadual deve endossar hoje a posição da coordenação regional sobre a vista de Lula.