Estudo realizado pelo Instituto da Pesca (IP) criou uma nova técnica que aumentará a produtividade e a sustentabilidade do mexilhão. Solicitada pela Associação dos Pescadores e Maricultores da Praia da Cocanha (Mapec), em Caraguatatuba, a pesquisa promoverá a recuperação do estoque do animal na natureza, a ampliação da renda local e a redução de custos.
O ciclo de vida do animal começa no oceano e, durante dois meses, a semente vagueia até encontrar um lugar para se fixar. “Para retirar o mexilhão, os maricultores têm de raspar todo o habitat e o processo de recuperação e recolonização de algas é lento”, explica uma das responsáveis pelo estudo, Isabella Bordon. “Com os coletores artificiais, retiramos do mar as sementes do molusco em suspensão na água, o que substitui a prática predatória de extrair o marisco de costões e pedras”, completa.
O coletor, desenvolvido por Isabella e Hélcio Marques, retém grande quantidade de larvas de mexilhão que estiverem espalhadas no ambiente marinho. Invisíveis a olho nu, elas se prendem a um emaranhado de fios da corda do equipamento e permanecem na rede até estarem prontas para a comercialização. A pesquisa revelou ainda “que coletores dispostos na superfície da água captam muito mais do que se estivessem nas demais superfícies”, ressalta Isabella.
As vantagens dessa técnica vão além de promover a sustentabilidade, pois a novidade favorecerá a economia local, porque faz crescer a produção anual e não exige gastos dos produtores da região, que encontram na captura de mexilhões a principal fonte de renda. O Brasil produz mais de 12 mil toneladas desses mariscos, das quais 90% provêm de Santa Catarina. São Paulo e Rio de Janeiro são responsáveis por 5% cada.
Instituto da Pesca
Criado em 1969, o instituto é um órgão vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo que se dedica à pesquisa científica e à tecnológica nas áreas da pesca e da aquicultura. Os estudos destinam-se à melhoria do agronegócio do pescado, da produtividade e da sustentabilidade ambiental.
O IP possui centros técnicos em diversas cidades do Estado. Na Capital, há duas unidades de pesquisa e desenvolvimento de recursos hídricos e aquicultura. Em São José dos Campos, a unidade dedica-se à água doce e, em Santos, à água do mar.
Há ainda dois outros centros de pesquisa, em Ubatuba e em Cananeia. No Interior, uma equipe visita constantemente associações e comunidades de pescadores, como as dos rios Tietê e Paranapanema, para monitorar a captura de espécie de água doce no Estado.