Depois de 7 meses, a Lei Antifumo tem bons números para comemorar. Queda de 73,5% nos níveis de monóxido de carbono, 219 mil ações de fiscalização, 761 multas, aumento de 40% na procura por tratamento contra o tabagismo e 6 estados que também proíbem o fumo em local fechado, além de São Paulo. São eles Rio de Janeiro, Paraná, Amazonas, Rondônia, Roraima e Paraíba. O cumprimento da lei também segue superior a 99%.
Pesquisadores ainda têm a expectativa de que em agosto, quando a lei completar um ano, o número de casos de pessoas que morrem de problemas como infarto e derrame cerebral, doenças, muitas vezes, provocadas pelo cigarro, sofra uma redução entre 10% e 30%.
Estudos apontam que o número de ataques cardíacos na Europa e América do Norte chegaram a cair em torno de um terço após a introdução das leis que proíbem o fumo em locais públicos.
O primeiro estudo, realizado pela Universidade do Kansas em 11 regiões diferentes nos EUA, Canadá e Europa, indica que o número de ataques cardíacos reduziu em até 26% por ano depois da adoção das leis. A segunda pesquisa sobre o assunto, realizada pela Universidade da Califórnia na América do Norte, Itália, Escócia e Irlanda, mostra que a redução do risco de ataques cardíacos após a adoção das leis antifumo chegaram a 17% apenas no primeiro ano de vigência da lei.
“Em todos os países onde se restringe o fumo nos ambientes fechados há claros sinais de melhoria na salubridade dos ambientes e na saúde da população. Em São Paulo não está sendo diferente”, diz o secretário da Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata.
Frequentadores e empregados das casas noturnas paulistas foram os mais beneficiados pela lei que proíbe o consumo de derivados de tabaco em ambientes fechados de uso coletivo. Segundo estudo do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas, nos ambientes fechados desses locais, houve uma redução de 73,5% nos níveis de monóxido de carbono. Nas casas noturnas, o nível de monóxido de carbono ambiental em áreas totalmente fechadas antes de a legislação entrar em vigor era de 5,02 ppm (partes por milhão). Atualmente a taxa caiu para 1,35.
Nos bares, a redução da poluição ambiental nas áreas inteiramente fechadas foi de 73,1% no período, passando de 5,02 ppm para 1,35 após a lei, e de 48% no organismo de empregados não fumantes (7,22 para 3,75 ppm). Nos restaurantes, houve diminuição de 67,8% no nível de monóxido de carbono ambiental das áreas fechadas e de 44,7% na contaminação do organismo de trabalhadores não fumantes por CO2.
No organismo humano, o monóxido de carbono concorre com o oxigênio causando menor oxigenação do sangue, células e tecidos. Aos poucos, essa condição metabólica acelera o envelhecimento do endotélio, camada de células que formam a parede de vasos e artérias do corpo humano.
Num processo em cascata, surgem inflamações e obstruções dessas vias de passagem do sangue no organismo, que, nessa condição, não conseguem alimentar de oxigênio e nutrientes o corpo humano. A evolução deste processo pode levar à ocorrência de infarto do miocárdio e de acidente vascular cerebral, além de trombose em membros diversos.
A procura por um tratamento contra o tabagismo aumentou 40% em São Paulo desde a entrada em vigor da lei antifumo. “As pessoas estão mais motivadas por causa da exposição que o assunto ganhou na mídia”, diz Luizemir Lago, diretora do Cratod (Centro de Referência em Álcool, Tabaco e Outras Drogas), da Secretaria da Saúde.
Ela explica que o tratamento é dividido em duas fases. Na primeira, o paciente recebe oreintações e, em alguns casos, pode receber medicações, como pastilhas de nicotina. A etapa dura cerca de um mês. Na segunda parte, o fumante recebe acompanhamento para lidar com as crises de abstinência.
Quem quiser informar sobre o descumprimento da lei, pode fazer a denúncia por meio do telefone 0800 771 3541 ou pelo site www.leiantifumo.sp.gov.br.