Minutos antes de assumir o governo do Chile, o novo presidente Sebastián Piñera (Alianza) e todas as autoridades presentes à cerimônia de posse passaram por um susto hoje (11) na cidade de Valparaíso, a 120 quilômetros da capital, Santiago. Houve um terremoto de 7,2 graus na escala Richter e alerta de tsunami na região. A área mais afetada foi novamente o Sul do país, onde fica a cidade de Concepción, a segunda maior do Chile. As autoridades decidiram transferir parte da solenidade de posse para a capital.

De acordo com dados oficiais, os abalos não causaram grandes danos no país. Por segurança, a população foi orientada a procurar lugares de menor risco.

“Não temo tanto por mim, mas pelos meus filhos e netos. Eu já vivi bastante, mas não quero que eles corram risco”, disse a auxiliar de enfermagem María Elena Figueroa.

Para o ator Júlio Gonzalo, os chilenos estão acostumados com os tremores de terra e tsunamis. “É preciso dar um voto de confiança ao novo governo e esperar que providências concretas sejam tomadas.”

O principal desafio do novo presidente chileno é reconstruir parte do país, destruído por uma série de tsunamis e terremotos. O pior deles ocorreu no último dia 27 e atingiu 8,8% na escala Richter.

Sebastián Piñera substituiu Michelle Bachelet, que deixou o Palácio de La Moneda com 84% de aprovação popular.

Os desafios do novo presidente vão além da reconstrução. Ele terá de utilizar sua experiência como empresário para administrar a maior reserva mundial de cobre – o Chile detém 40% da produção. Também deve intensificar os esforços para manter o país sem dívida externa e credor líquido, legado de sua antecessora.

Piñera venceu a eleição mais disputada nos últimos anos no Chile. Candidato de centro-direita, ele obteve 51,8% dos votos contra 48,1% do governista, o ex-presidente Eduardo Frei Ruiz (Concertación). Com um discurso baseado nas expressões “mudança” e “renovação” e promessa de geração de emprego, Piñera conquistou votos dos indecisos e insatisfeitos.

A equipe do presidente eleito admite, no entanto, que terá de dar continuidade aos avanços sociais implementados por Bachelet, como as conquistas de direitos previdenciários e trabalhistas. Desde sua eleição em janeiro, Piñera tem trabalhado diretamente com Bachelet.

O único momento de divergência entre Piñera e Bachelet foi logo após o terremoto do último dia 27. Na ocasião, ele considerou que o governo de sua antecessora foi lento ao determinar ações mais duras para conter a onda de violência e saques em algumas cidades. Em seguida, recuou nas críticas.