O ciclo da seleção brasileira pré-Copa se encerrou nesta terça-feira com a vitória por 2 a 0 sobre a Irlanda, em uma exibição clássica da ‘era Dunga’, no futebol de resultados, eficiente em seu propósito, mas sem espetáculo, em boa prévia do que o torcedor pode esperar no Mundial deste ano. Um gol contra e outro de Robinho definiram o jogo no Emirates Stadium, casa do Arsenal em Londres, no teste final antes da convocação para a África do Sul.
Apesar do gol no fim, o primeiro tempo da seleção foi frio, como na gélida noite de inverno de Londres, em temperatura semelhante à que a equipe deve encontrar durante a Copa na África do Sul. Na etapa final, a Irlanda ofereceu mais espaço para o Brasil jogar e aí a equipe de Dunga conseguiu ampliar, depois de algumas tentativas que esbarram em falhas de passe.
Com a noção manifestada nos últimos dias em relação a grupo fechado, a seleção mostrou no amistoso desta terça muito da cara que o time deve levar ao Mundial daqui a alguns meses. Em três anos e meio, Dunga desenvolveu uma equipe aguerrida, com solidez defensiva, pegada de meio-campo, contra-ataque letal, mas ainda com deficiência criativa na armação.
Em sua maior virtude ofensiva, os contra-ataques, o time de Dunga mostra dependência das arrancadas de Kaká e do acionamento de Maicon. Como aconteceu com frequência respeitável em jogos recentes do Brasil, o lateral-direito foi diante da Irlanda um dos principais caminhos de acesso até a área do adversário, junto com Kaká. Foi através do lateral que acabou construído o primeiro gol da vitória no Emirates Stadium.
A Irlanda, que não foi para Copa graças a uma derrota polêmica para a França na repescagem das eliminatórias europeias, no jogo da mão ilegal de Thierry Henry, exigiu bastante da seleção de Dunga, ousando em jogadas de bola alçada na área e com uma marcação forte no meio-campo, que em alguns momentos beirou a violência.
Dupla de ataque da vez, Robinho e Adriano tiveram desempenho apagado, pelo menos coletivamente, com os dois atuando na maior parte do tempo em posicionamento exageradamente centralizado. Neste cenário, o flamenguista acabou aparecendo mais na cobrança de faltas e, após muitas trombadas físicas com os irlandeses, acabou substituído por Grafite na etapa final. Individualmente, o santista se saiu melhor, ao participar dos dois lances de gol, além de uma série de lances que pararam na defesa rival.
Na lateral-esquerda, posição com maior rotatividade da ‘era Dunga’, Michel Bastos fez o seu terceiro jogo seguido como titular e teve atuação apenas discreta, marcada por passes laterais e dificuldade na marcação. Desta forma, a seleção se encaminha para a Copa ainda com inseguranças em relação ao setor e ainda com a desproporcionalidade em relação à competência da ala direita.
Desta maneira, a seleção encerra o período de testes e observações e agora só volta a se reunir para a Copa do Mundo, semanas depois do anúncio da lista para a competição, que deve ser divulgada em maio. Até lá, mesmo com a sensação expressa de grupo fechado, o técnico Dunga lidará com uma avalanche de especulações a respeito de seus 23 eleitos para a África do Sul.
Com informações da UOL.