Determinado a respeitar “o tempo de José Serra”, o pré-candidato do PSDB ao governo de São Paulo, Geraldo Alckmin, não fará movimentos políticos até que o próprio Serra se lance na corrida presidencial no dia 10, em Brasília. “Estou em período sabático, aguardando que tudo se resolva de forma coletiva”, diz, sobre as candidaturas da aliança tucana.

Depois do feriado da Páscoa em família, Alckmin vai se dedicar à mobilização de prefeitos do interior paulista para o Encontro Nacional do PSDB, do DEM e do PPS, em que Serra será lançado à Presidência da República.

Daí até 12 de junho, data prevista da convenção tucana que deve oficializar Alckmin candidato a governador, o jeito é administrar o “buraco negro” de uma legislação que só permite campanha depois das convenções. Aos amigos a quem se queixa da incoerência da lei, que obriga candidatos a deixarem os cargos públicos seis meses antes da eleição para “jogá-los no limbo da política” por dois meses, até as convenções, Alckmin já revelou qual será seu lema neste período: “pé na estrada”.

“Não vou poder fazer campanha, mas posso conversar, ouvir, ver os problemas”, diz o pré-candidato em conversas reservadas, convencido de que este será o melhor período para cuidar do plano de governo. Ele quer viajar por todo o interior do Estado para contatar líderes das várias regiões e representantes de entidades da sociedade civil. Também pretende buscar uma aproximação dos sindicatos de trabalhadores e, assim, colher os elementos necessários para montar seu programa de governo.

Alckmin reconhece que o desafio não é pequeno. Afinal, raciocina, após 16 anos de administração tucana em São Paulo, terá que ouvir muito e captar anseios para inovar na proposta. O desafio é fazer mais um governo que tenha as “marcas” do PSDB ? como honradez, transparência e esforço fiscal sem aumentar impostos e, ao mesmo tempo, cara de novo.

Filosofia. “O caminho para isto é rodar o Estado para que eu possa ser intérprete do sentimento, da alma e da esperança do povo paulista”, avalia o pré-candidato, para filosofar em seguida: “Política é esperança, é confiança.”

Os nomes que irão ajudá-lo a planejar a futura administração paulista não estão escolhidos. Mas o pré-candidato já contou a um dirigente tucano que gostaria de ter em sua equipe de campanha o professor José Goldemberg, que foi seu secretário de Meio Ambiente, o atual secretário Xico Graziano e também o ex-secretário de Subprefeituras na administração paulistana Andrea Matarazzo.

Alguns desses colaboradores também deverão ajudar a campanha presidencial de Serra. Nas conversas de bastidores, a única coisa que Alckmin antecipa é que a integração entre as duas campanhas deve ser total. Para os serristas que planejam uma largada com 6 milhões de votos de frente sobre o PT, em São Paulo, a integração das campanhas é um bom começo.

Confiança. Embora tenha disparado na liderança das pesquisas de intenção de voto, Alckmin diz que prefere ver o quadro eleitoral paulista com humildade. “O que vale é a eleição”, insiste. Ao mesmo tempo, no entanto, confessa sua alegria diante da manifestação de confiança do eleitorado, que aponta para uma vitória folgada, em primeiro turno, sobre o adversário do PT, senador Aloizio Mercadante.

“Sinto que o partido está exatamente como minha neta de cinco anos”, conta o tucano, ao lembrar uma frase recente da pequena Isabella. “Estou completamente animada, vovô.”