Foi Naji Nahas, e não Chaplin ou os irmãos Marx, quem causou o “antes e depois” na vida do ator e autor de humorísticos Marcius Melhem, 38, que assina dois programas que estreiam amanhã na Globo: “S.O.S Emergência” e “Os Caras de Pau”, em que atua.
Melhem estudava jornalismo e, em 1989, o caso Nahas estourou (especulações do investidor teriam levado à falência a Bolsa de Valores do Rio).
O caos de informações do mercado financeiro o inspirou. Ele não foi para o palco, mas fez contatos e fundou, anos depois, uma agência para divulgar, em tempo real, dados do setor.
De terno e gravata, Melhem ia às reuniões e falava “economês” fluente. Vez ou outra, esquecia-se de tirar da orelha o brinco que usava nas aulas do Tablado, o centro teatral de Maria Clara Machado.
“Fazia reuniões de terno e gravata durante o dia e, à noite, estava vestido de caçador em peça infantil. Era como uma dupla personalidade.”
Quando fechou 2003 com quatro ou cinco peças a mais no currículo, foi convidado para uma ponta em “Mulheres Apaixonadas” (2003). Não gostou do resultado.
Sugeriram o “Zorra Total”. Com Leandro Hassum, escreveu a história dos seguranças Jorginho e Pedrão, quadro que fez sucesso até 2008. Ao mesmo tempo, apresentava a peça “Nós na Fita”, de sua autoria, ainda em cartaz.
Já sem poder esconder o trabalho de ator, deixou as reuniões com o mercado financeiro para a equipe (30 jornalistas entre Rio, São Paulo, Brasília e Porto Alegre). O foco, agora, é comandar outra redação, a de roteiristas dos humorísticos.
“S.O.S Emergência”, com Marisa Orth e Ney Latorraca, tem consultoria de um médico e um pesquisador.
Trata-se de uma série dentro de um hospital com uma “visão realista, mas subvertida” do ambiente e das relações entre os profissionais –um enfermeiro tem caso com uma médica, por exemplo.
Já em “Os Caras de Pau”, especial de fim de ano que virou série e ganha nova temporada, a linguagem é de “desenho animado”. “É bem descontínuo, como Papa-Léguas e Coiote. Leva um choque aqui e, na outra cena, está inteirinho. É mais mastigado, para causar o riso frouxo mesmo.”
Melhem diz conhecer as limitações de fazer humor na Globo. “Escrevo para a família brasileira, mas tento botar um pezinho na porta porque acho a sociedade muito careta.”
Sobre os caminhos para a comédia, cita Chico Anysio. “Só há dois tipos de humor: o engraçado e o sem graça. Aposto em humor engraçado”.
S.O.S EMERGÊNCIA
Quando: a partir de amanhã, domingos, após o “Fantástico”, na Globo
Classificação: não informada
OS CARAS DE PAU
Quando: a partir de amanhã, domingos, após “A Turma do Didi”