Não conseguir estimar exatamente o tempo que algo está levando para acontecer pode contribuir para uma piora no desempenho de trabalhadores e um desconforto emocional. Fumantes que interromperam o vício há pouco tempo podem sentir essa sensação constantemente, dizem os pesquisadores.

Um estudo recente da Universidade Estadual da Pensilvânia acompanhou indivíduos com hábitos tabagistas que deixaram de fumar nas 24 horas anteriores a um experimento. Eles foram questionados da duração de um intervalo de 45 segundos. Para esses indivíduos, a passagem do tempo pareceu ser 50% maior, ou seja, mais de 1 minuto.

Laura Klein, uma das pesquisadoras envolvidas no estudo, afirma que “a confusão na percepção do tempo observada em fumantes que haviam se abstido do cigarro pode ser uma das razões que levam pessoas que estão parando de fumar a se sentirem mais estressadas e com pouco foco ou maior desatenção. Estimar o tempo faz parte da base para os processos de atenção.”

O estudo foi feito tanto com fumantes quanto com não fumantes (entre 18 e 41 anos). Foram duas sessões: uma antes dos fumantes pararem com o hábito e após um dia sem fumar. Na primeira sessão, a estimativa de tempo dos dois grupos era similar. Mas na segunda sessão a acuidade dos abstêmios saiu completamente da média. Não houve diferenças entre os gêneros dos participantes.

Os pesquisadores concluíram, a partir dessa observação, que a abstinência pode alterar a percepção de tempo em fumantes jovens, saudáveis, sem histórico clínico e que isso indica que é preciso delinear melhor os processos de atenção desses indivíduos, pois pode servir para estudar melhor os processos de abstinência na dependência química.