Os cerca de 100 mil moradores de 16 comunidades de Manguinhos, um dos maiores complexos de favelas na zona norte do Rio, ganharam nesta quinta-feira, 29, a primeira biblioteca-parque do Brasil.

Com uma área de 3,3 mil metros quadrados, o espaço tem um local só para jogos, uma filmoteca, sala de leitura para pessoas com deficiências visuais, acervo digital de música, cineteatro, cafeteria, 40 computadores com acesso gratuito à internet e uma sala de reuniões.

O ministro da Cultura, Juca Ferreira, disse que o projeto é baseado na experiência colombiana, que explora o espaço da biblioteca além do papel tradicional, trabalhando também com o conceito de centro cultural.

“Cultura é um direito de todo o brasileiro e o Estado tem a obrigação de disponibilizar este direito. E esta biblioteca vai estimular e dinamizar a leitura. Toda obra do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] terá uma biblioteca como esta, por meio de uma parceria nossa com o Ministério das Cidades e com os governos estaduais.”

Juca Ferreira acredita que o espaço cultural vai contribuir para diminuir os índices de violência na região de Manguinhos, palco de constantes tiroteios e guerras entre traficantes e policiais.

“Cultura não combina com violência. Ela qualifica relações humanas, a subjetividade das pessoas e onde tem cultura o índice de violência baixa, estratégias como as de Nova York e Medelín (Colômbia) demonstraram isso e nós estamos trabalhando para que a população tenha acesso pleno à cultura.”

Além dos cerca de 25 mil livros, a biblioteca vai oferecer cerca de 800 DVDs, três livros digitais, centenas de gibis e 3 milhões de músicas. Os livros podem ser cedidos por meio de empréstimos.

O cartunista Maurício de Souza participou da inauguração da biblioteca acompanhado de personagens da Turma da Mônica. Ele anunciou a doação de 100 mil gibis à biblioteca. A Academia Brasileira de Letras também se comprometeu a manter o arquivo da nova biblioteca sempre renovado com doações.

O estudante Lucas Mendes, 8 anos, disse que pretende visitar o novo espaço com frequência, embora admita não gostar muito de ler. “Aqui tem vários livros legais e jogos que nunca tinha visto. Tem muita coisa pra fazer. É melhor do que ficar em casa, né?”.

O projeto é uma parceria do Ministério da Cultura e do governo do estado do Rio e custou R$ 8,6 milhões, sendo que R$ 7,4 milhões foram custeados pelo governo federal.

No Rio, estão previstas mais três bibliotecas-parque para serem inauguradas este ano. Duas já estão em construção: uma na Rocinha, favela da zona sul da cidade, e outra no Complexo do Alemão, zona norte.