O vazamento de petróleo no Golfo do México pode estar liberando 25 mil barris de petróleo por dias, quantidade cinco vezes maior do que as atuais estimativas do governo, afirmam especialistas do setor petrolífero. Baseando seus cálculos em dados do governo e em ferramentas de medição da indústria, os especialistas dizem que o vazamento no Golfo pode ser comparado com o histórico vazamento de 1969 ocorrido em Santa Barbara, Califórnia, e ao de 1989, da Exxon Valdez.
Ian MacDonald, professor de oceanografia da Universidade Estadual da Flórida e especialista em monitoramento de vazamentos de petróleo por imagens de satélite, disse que pode haver mais de 9 milhões de galões de petróleo flutuando no golfo, tendo como base sua estimativa de 25 mil barris vazados diariamente. No acidente da Exxon Valdez, o vazamento foi de 12 milhões de galões.
Funcionários do Ministério do Interior, nos Estados Unidos, disseram que pode levar 90 dias para conter o vazamento. Se a previsão de 25 mil barris por dia estiver correta e o vazamento permanecer por 90 dias, serão 2,25 milhões de barris ou 94,5 milhões de galões.
Mac Donald e seus colegas do Departamento de Ciências da Terra, Oceano e Atmosfera trabalharam no passado em conjunto com a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA, pela sigla em inglês) no acompanhamento de vazamentos de petróleo e compartilharam suas estimativas com cientistas de lá. Ele disse que os cientistas da NOAA não contestam os cálculos.
Um porta-voz da NOAA disse que a estimativa do governo de vazamento de 5 mil barris por dia do poço da British Petroleum (BP) foi baseado em avaliações feitas pela BP, pela NOAA e pela guarda costeira dos Estados Unidos.
A estimativa de 5 mil barris foi anunciada na noite de quarta-feira e representou um aumento de cinco vezes em relação à estimativa inicial. As notícias sobre uma estimativa maior aumentou a pressão para que as autoridades tomem medidas mais agressivas para conter o vazamento e elevaram as preocupações sobre o potencial de danos ao meio ambiente e de problemas na economia da costa da região do golfo.
John Amos, geólogo que trabalhou como consultor de empresas como a BP, ExxonMobil e and Royal Dutch Shell no acompanhamento e medição de vazamentos de petróleo a partir de dados de satélite, disse que a NOAA elevou suas estimativas para 5 mil barris por dia depois que ele e seus colegas publicaram cálculos que mostravam que os dados originais eram muito aquém tendo como base os dados da NOAA. Amos também participou de um estudo conjunto entre a indústria e a Nasa usando imagens de satélite para detectar e acompanhar vazamentos de petróleo.
Amos disse que 5 mil barris por dia é uma estimativa “extremamente baixa”. Ele disse, baseado nos mapas da NOAA, que um dado mais realista seria de 20 mil barris por dia.
John Curry, porta-voz da BP no comando de operações na costa central do golfo, disse que os 5 mil barris era um cálculo “estimado”. “Há uma série de incertezas e é muito difícil medir de forma acurada”, disse ele. As informações são da Dow Jones.