O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet/DF) informa que a umidade relativa do ar entrou em queda mais cedo este ano. De acordo com levantamento do Instituto, na terça-feira (27 de abril), o índice de umidade chegou a 32%, em Brasília, entre os menores registrados em 2010 no Centro-Oeste. A baixa umidade do ar exige atenção com a saúde e não apenas com a pele e as vias respiratórias. Os olhos também emitem sinais de alerta diante do clima muito seco.
Nesses dias de sol quente, tempo seco e noites frias que caracterizam o outono brasiliense, algumas dicas de saúde ocular devem ser observadas conforme orienta a oftalmologista do Hospital Oftalmológico de Brasília (HOB), Maria Lúcia Rios. A médica calcula que cerca de 20% dos pacientes que chegam ao hospital queixando-se de ardência nos olhos são casos que tem origem nas consequências da baixa umidade do ar, especialmente olho seco. “Nessa época do ano, este percentual aumenta”, observa.
MÁ COMBINAÇÃO – Ela alerta que ambiente fechado com ar-condicionado ligado, não é uma boa combinação. “Proporciona conforto, mas pode prejudicar a saúde ocular, porque facilita a proliferação de viroses e leva à baixa lubrificação dos olhos, principais agentes da conjuntivite viral e da Síndrome do Olho Seco”, descreve.
Ardência, vermelhidão e sensação de corpo estranho são as principais características da Síndrome do Olho Seco que mostra maior volume de diagnóstico em clínicas oftalmológicas durante os meses de seca no Distrito Federal, constata a médica.
DICAS – As dicas da oftalmologista do HOB para driblar os incômodos efeitos da seca nos olhos vão desde a o hábito de usar óculos, para evitar a evaporação excessiva das lágrimas; tomar bastante líquido; não ficar muito tempo em local com ar-condicionado ligado; umidificar o ambiente até proteger-se do vento. “O vento também é fator que reduz a permanência da lágrima nos olhos e é preciso ficar atento”, alerta.
A utilização de lágrimas artificiais, com orientação médica, aplicação de colírios e fechamento do ponto lacrimal, bem como a prescrição de óleo de linhaça, já integram os tratamentos para pacientes que já tiveram o diagnóstico de Síndrome do Olho Seco confirmada.
Aqueles que andam pela cidade e não ficam em ambientes fechados o dia inteiro, têm outras precauções a tomar nesses meses de outono com baixa umidade.
Mesmo com dias nublados, sem sol, o hábito de sair à rua com óculos escuros dotados de filtros de proteção contra a incidência de raios ultravioletas (UV) A e B deve ser cultivado. Existe uma escala meteorológica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que mostra, quanto mais alto o índice ultravioleta, maior o risco de danos à pele e aos olhos. De acordo com a orientação da Organização Mundial da Saúde, quando o índice passar de 3 já requer cuidados como procurar um local à sombra para ficar ao ar livre, usar boné e protetor solar. Quando o índice supera 8, as medidas de proteção deverão ser extremas, como evitar o sol ao meio-dia, permanecer na sombra, usar camiseta, boné, óculos de sol com proteção UVB e protetor solar.
Os danos causados pela exposição à radiação ultravioleta vão desde a já conhecida queimadura da pele, às fotoalergias, além do envelhecimento precoce da pele, podendo chegar ao câncer de pele. Nos olhos os riscos estão no desenvolvimento de catarata precoce, aparecimento de pterígio e de lesões na mácula.
Os melhores óculos são os que apresentam um filtro com 100% de proteção contra a radiação UVA e UVB, orienta o oftalmologista do HOB, Canrobert Oliveira, especialista em refração. “Acontece que quando usamos óculos escuros a pupila abre-se e é maior a quantidade de luz que penetra nos olhos. Se as lentes escuras são desprovidas de filtro UVA e UVB, os neurônios da mácula – área da retina responsável pela visão central – sofrem danos irreversíveis. Hoje, 25% da população com mais de 75 anos de idade apresentam algum grau de degeneração macular, há casos que chegam à cegueira da visão central”, observa.
Canrobert assinala que o efeito da incidência dos raios UV nos olhos aparece em longo prazo. Então, descuidos na proteção dos olhos na infância, ou na juventude podem acarretar danos na vida adulta e a partir dos 60 anos de idade.