O país tem condições de crescer até 7% neste ano sem provocar impactos na inflação. A partir de 2011, no entanto, o Brasil tem de investir mais para que a economia continue a crescer sem a ameaça de um aumento generalizado de preços provocado pela escassez de mercadorias.

A avaliação é do professor de economia Alcides Leite Júnior, da Trevisan Escola de Negócios. Ele ressalta que o ritmo de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), que aumentou 9% entre março do ano passado e março deste ano, não se repetirá nos próximos trimestres por um efeito estatístico.

“O primeiro trimestre de 2009 foi muito ruim porque representou o auge da crise econômica. Então, qualquer crescimento seria expressivo com essa base de comparação”, disse o professor. “Certamente, a economia não fechará o ano com crescimento tão significativo.”

Para Alcides Júnior, é natural que o Brasil cresça em 2010 mais que o registrado antes da crise econômica. Segundo ele, isso ocorre porque parte do crescimento é baseado na recuperação da capacidade ociosa da economia no ano passado.

Em 2007, o PIB havia crescido 6,1% de acordo com números revisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No ano seguinte, a expansão foi de 5,1%. A trajetória foi interrompida pela crise econômica, que fez o PIB cair 0,2% no ano passado.

Para que o país continue a crescer em torno de 5,5% ao ano nos próximos dez anos sem a ameaça de provocar inflação elevada, o professor acredita que a taxa de investimento, atualmente em 18% do PIB, terá de aumentar para 25%. No primeiro trimestre de 2008, a taxa estava em 18,1% do PIB e caiu para 16,3% no mesmo período de 2009.

“O país consegue aguentar um crescimento de curto prazo sem provocar inflação, mas, para crescer a pelo menos 5,5% nos próximos anos, o Brasil terá de investir bem mais do que está fazendo”, declarou.

O sucessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou Alcides, terá de se preocupar em cortar os gastos públicos de custeio (manutenção da máquina pública) e aumentar o investimento para eliminar gargalos de infraestrutura que podem comprometer o crescimento do país. Além dos investimentos públicos, o economista defende regras mais claras para estimular o investimento privado.