Anticorpos feitos inteiramente de plástico conseguiram salvar a vida de camundongos expostos a veneno de abelha. É a primeira vez que essa estratégia funcionou em animais.
Trata-se do primeiro passo para o desenho de anticorpos sob encomenda para uma gama de aplicações médicas, desde o tratamento de envenenamentos até o combate a infecções.

Anticorpos naturais são produzidos pelo sistema imune. Eles se ligam a moléculas específicas, chamadas “antígenos”.

Os anticorpos de plástico, da mesma forma, contêm cavidades moldadas na forma exata para capturar moléculas-alvo.

Nesse caso, o alvo era a melitina, o componente mais tóxico do veneno de abelha.

Escultura

Kenneth Shea da Universidade da Califórnia, em Irvine, e sua equipe, produziram anticorpos contra melitina por meio de um processo de escultura molecular.

Eles usaram um catalisador para estimular a formação de polímeros ao redor de moléculas de veneno de abelha. Em seguida, dissolveram o veneno, deixando cavidades com o formato exato da melitina.

Shea injetou os anticorpos nos camundongos 20 segundos após a injeção de veneno. Todos os camundongos que não receberam tratamento morreram. Dos que receberam o anticorpo, 40% morreram.

Ação limitada

Anticorpos de plástico podem, de fato, imitar algumas das funções de anticorpos naturais: capturar toxinas e as enviar para o fígado para serem destruídas.

Mas outras funções de anticorpos naturais serão mais difíceis de imitar. Por exemplo, anticorpos naturais são capazes de se comunicar com outras células do sistema imune e preparar o corpo para futuras infecções, o que anticorpos de plástico não são capazes de fazer.

O estudo foi publicado no “Journal of the American Chemical Society”.