A última parcela da emissão de R$ 80 bilhões em títulos para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o reconhecimento de juros e a alta do dólar no último mês contribuíram para que a Dívida Pública Federal (DPF) subisse 1,85% e encerrasse maio em R$ 1,614 trilhão. Os números foram divulgados há pouco pelo Tesouro Nacional.
A dívida interna mobiliária (em títulos) aumentou 1,79%, passando de R$ 1,492 trilhão em abril para R$ 1,519 trilhão no último mês. Impulsionada pela alta de 4,98% do dólar perante o real no último mês, a dívida pública externa subiu 2,92%, passando de R$ 92,16 bilhões para R$ 94,85 bilhões.
Com o resultado de maio, a DPF ultrapassou pela primeira vez o limite mínimo da banda estabelecida para o estoque da dívida pública. De acordo com o Plano Anual de Financiamento (PAF), divulgado pelo Tesouro no início do ano, a DPF deve encerrar o ano entre R$ 1,6 trilhão e R$ 1,73 trilhão.
Os principais fatores para a subida da dívida foi o fato de o governo ter emitido R$ 11,63 bilhões em títulos a mais do que resgatou no mês passado, impulsionada pelo lançamento de títulos prefixados e pela emissão de R$ 5,8 bilhões para o BNDES, que concluiu o empréstimo de R$ 80 bilhões para a instituição financeira. Em abril, o Tesouro havia emitido os R$ 74,2 bilhões restantes.
Também contribuiu para a alta de dívida o reconhecimento de R$ 15,02 bilhões de juros. Em relação à dívida externa, o governo resgatou R$ 1,4 bilhão a mais do que emitiu, mas a alta do dólar fez o estoque subir.
Por causa da emissão dos papéis prefixados, a parcela desses títulos na dívida mobiliária interna subiu de 32,93% em abril para 33,65% em maio. O aumento da participação desses papéis é desejável para o Tesouro porque facilita a administração da dívida pública ao estabelecer com antecedência o montante de juros que o governo pagará.
Os papéis vinculados à taxa Selic (que mede os juros básicos da economia) somaram 35,7% em maio contra 35,95% em abril. A participação dos títulos corrigidos por índices de preços caiu de 29,41% para 28,93%. A parcela da dívida interna vinculada ao câmbio ficou praticamente estável, passando de 0,64% para 0,66%.
O prazo médio da DPF caiu de 3,57 anos em abril para 3,51 anos em maio. Prazos mais longos são desejáveis porque esse é o tempo que o governo leva para renovar completamente a dívida pública. Desde o ano passado, o Tesouro divulga o prazo apenas em anos, não em meses. A parcela dos títulos que vencem em 12 meses aumentou, passando de 25,25% em abril para 27,43% em maio.
Por meio da dívida pública, o governo pega empréstimos dos investidores para honrar os compromissos. Em troca, o Tesouro compromete-se a devolver o dinheiro com correção, que pode ser prefixada, definida com antecedência, ou seguir a Selic, índices de preços ou o câmbio.