Alguns vestibulandos trazem para os estudos o mote de Dunga para a seleção brasileira: comprometimento. Para não quebrar o ritmo durante a Copa, eles assistem aos jogos do Brasil no cursinho e voltam para as apostilas ao final das partidas. Foi o que constatou a reportagem do UOL Vestibular na manhã desta sexta (25).
“Saindo daqui [ao acabar de ver o jogo], vou direto estudar”, diz Natalia Braz, 18. “Devo ficar no cursinho até umas 20h.” O colega Vinícius Gonçalves de Almeida, 20, também pretende ficar na escola até 19h30. “E, se precisar a gente compensa no final de semana também”, diz o aluno que concorre a uma vaga em economia.
“Eu só vejo os jogos do Brasil aqui no cursinho, dos outros times não sei nem o resultado”, diz Gabrielle Braga de Lacerda, 19, que tenta uma vaga em medicina. Segundo a estudante, as competições da Copa acabam ajudando ao invés de atrapalhar, pois a quantidade de alunos que ficam para estudar depois costuma ser maior que em dias considerados normais.
Para Barbara Molnar, 18, o principal é não esquecer as obrigações, “não deixar de fazer algo importante por causa dos jogos”. Ela, que vai prestar economia, acha que é preciso “ter tranquilidade”. Por isso, vê alguns jogos e acompanha os resultados do Brasil.
Vuvuzelas e apostilas
Mesmo com o empenho de manter o ritmo da preparação para o vestibular, nos dias de jogo da seleção brasileira, a rotina muda. A aula acaba mais cedo — e os cadernos e as apostilas são substituídos por vuvuzelas, apitos, bandeiras do Brasil e outros acessórios com as cores do país.
“Assistir à partida aqui no cursinho é bem melhor do que sozinho. O pessoal é bem animado, a gente dá muita risada.”, conta o vestibulando Renê Antonietto, 19.
Para a maioria dos estudantes ouvidos pela reportagem, os jogos do Brasil são bons momentos para descontrair. “Em ano de vestibular não conseguimos relaxar muito, com a Copa estamos aproveitando”, afirma Marcos Antonio Pereira Madeira da Silva, 21, que almeja uma vaga em medicina. No caso de Marcos, a descontração não é total: “Só paro mesmo para ver jogo do Brasil, o restante acompanho só o resultado”.
Mas nem toda a turma adota a mesma estratégia. Alguns vestibulandos decretam uma tarde de descanso, como Sofia Colucci, 18, que pretende prestar design: “Hoje vamos continuar na bagunça a tarde inteira, mas depois compensamos estudando no final de semana, se precisar”.
Sem jogo, na sala de estudos
Em dia de jogo, há até mesmo quem simplesmente ignore a programação de futebol. Longe da bagunça, Suzana dos Santos Watanabe, 18, que vai prestar medicina, lia um dos títulos obrigatórios para os vestibulares da Fuvest e da Unicamp, “A Cidade e as Serras”, enquanto o Brasil empatava a partida com Portugal. Seja no cursinho ou em casa, ela opta pelo silêncio da leitura à barulheira da torcida: “prefiro ficar estudando”, conta.
Na sala de estudos da unidade da Paulista do Cursinho Objetivo, poucas pessoas faziam companhia à Suzana. Uma delas era Bruna Fernandes de Barros, 20. A vestibulanda revisava tópicos de história. Usando tampões de ouvido, ela estava imune ao som dos apitos e vuvuzelas. “Sempre uso protetores para me concentrar, mas hoje eles foram mais úteis”, explicou Bruna.