A história já está reescrita. A classificação à final da Copa do Mundo não veio nesta terça-feira, 6, mas o brilho celeste já coloriu o preto e branco dos almanaques de 1930 e 1950. O Uruguai foi superado pela Holanda por 3 a 2 no Green Point, na Cidade do Cabo.
Único sobrevivente sul-americano na África do Sul, até então, o Uruguai parte agora para a disputa do terceiro lugar, em 10 de julho, no Nelson Mandela Bay, em Port Elizabeth. A Holanda disputa a grande final no dia seguinte, no Soccer City, em Johannesburgo, contra o vencedor de Alemanha e Espanha, que jogam nesta quarta.
O peso de voltar a uma semifinal depois de 40 anos atrapalhou a Celeste nos primeiros minutos de partida. Sem a proteção de Lugano (com uma entorse no joelho) e Fucile (suspenso), a defesa se atrapalhou em bolas fáceis. Na frente, Diego Forlán claramente sentia a falta do seu companheiro Luiz Suárez (que trocou o pênalti pela expulsão na partida contra Gana).
Mais centrada e, mesmo mais experiente, a Holanda fez o que fez em toda a Copa: tocou a bola. De tanto tocar, por vezes sem lá tanta objetividade, achou o capitão Gio Van Bronckhorst esquecido na lateral-direita. O experiente jogador arriscou o chute de fora da área e acertou o ângulo do goleiro Muslera – nem Jabulani, nem Ladislao Mazurkiewicz, tampouco Rodolfo Rodríguez. Foi uma bola indefensável.
Com a desvantagem no placar, o Uruguai tentou compensar na vontade e na virilidade, características tão marcantes de seu futebol. Tanto que Cáceres, ao tentar uma bicicleta na entrada da área, acertou violentamente o rosto de De Zeeuw. Uma rápida confusão entre os jogadores foi armada.
Golaço lá, golaço cá. Apesar de toda a adversidade, os uruguaios têm um jogador que chama a responsabilidade. Maestro e artilheiro do time, Forlán recebeu na intermediária e soltou o pé. Contou com a habitual curva da bola, é verdade, para empatar a partida. Foi o seu quarto gol na competição.
Na volta do intervalo, os times voltaram ainda mais presos que de início. O jogo ficou pegado no meio-campo com poucas chances criadas de lado a lado. Apenas o camisa 10 Forlán tentava alguma coisa.
Estrelas. Mas os holandeses tinham mais alternativas para matar o jogo. Em três minutos, eles decidiram a partida. Sneijder avançou, chutou cruzado e venceu Muslera – o seu quarto gol em seis jogos. No lance, Van Persie estava em posição de impedimento, sem que o árbitro usbeque Ravshan Irmatov percebesse.
Não demorou muito e Robben apareceu efetivamente pela primeira vez. O meia-atacante entrou na área e ganhou dos zagueiros para marcar de cabeça. A festa laranja estava garantida, a classificação era questão de tempo. Ainda assim, os uruguaios deram trabalho nos últimos minutos de jogo. Maxi Pereira chutou no canto do goleiro e o jogo ganhou em emoção no final. Não deu em nada.
A Holanda, algoz mais recente do futebol brasileiro, tirou mais um campeão do mundo da disputa. De novo não prevaleceu o peso da camisa e o Uruguai vai se contentar com a disputa do terceiro lugar.