O prazo de validade de cerca de um quarto das doses de vacina contra a gripe suína produzidas para o público americano expirou na última quarta-feira, 30. Isso significa que 40 milhões de doses, que valem US$ 260 milhões (R$ 462), serão incineradas.
O montante, quatro vezes maior que as sobras usuais de doses contra gripe sazonal, significa um recorde de perda de vacinas. “É muito, pelos padrões históricos”, disse Jerry Weir, que supervisiona a pesquisa e revisão de vacinas da FDA (agência americana de controle de alimentos e remédios).
Cerca de 30 milhões de doses ainda vão expirar e podem ser inutilizadas, segundo estimativa do governo. Se toda essa vacina perderem o prazo de validade, mais de 43% do suprimento de vacinas dos EUA vai para o lixo.
Funcionários federais haviam defendido que a grande aquisição de vacinas contra a gripe suína era um risco necessário em face de um vírus nunca antes visto. Muitos especialistas em saúde temiam que a nova gripe pudesse ser uma epidemia global e mortífera, mas ela acabou matando menos pessoas do que a gripe sazonal.
“Apesar de existirem muitas doses de vacina que foram utilizadas, era muito mais conveniente o país ter se preparado para o pior cenário do que ter poucas doses”, disse Bill Hall, porta-voz do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos. A maioria dos especialistas da área de saúde concordam com isso.
Milhões de doses de vacina contra a gripe são inutilizadas a cada ano e são incineradas, mas nos últimos anos as sobras chegaram perto de 10% do suprimento, bem menos do que os 25% que expiram agora. Especialistas em gripe do governo não se lembram de já ter jogado fora quase 40 milhões de doses.
A nova gripe surgiu em abril do ano passado, atingindo principalmente crianças e jovens. Diante da dificuldade de prever o nível de mortalidade e de disseminação do vírus H1N1, o governo americano autorizou fabricantes de vacina a produzir as doses o mais rápido possível. Na época, especialistas acreditavam que seriam necessárias duas doses por pessoa para que a imunização funcionasse.
O governo americano fez três pedidos no ano passado para quase 200 milhões de doses, uma quantidade sem precedentes e quase o dobro do número de vacinas produzidas nos últimos anos para a gripe sazonal.
Cerca de 162 milhões de doses foram destinadas ao público em geral. Outra 36 milhões incluíam doses para os militares e outros países. Enquanto as pessoas esperavam horas para a vacinação da gripe suína em algumas cidades entre outubro e novembro, em janeiro departamentos de saúde locais tentavam atender a população imediatamente.
Mas a demanda pela vacina não decolou, por várias razões:
– Testes logo mostraram que uma única dose foi suficiente para proteger a maioria das pessoas;
– A maioria das doses ainda não estavam prontas até o fim de 2009, após a maior onda de gripe suína ter passado;
– A nova gripe acabou não sendo tão mortal quanto se temia inicialmente. Cerca de 12 mil mortes foram atribuídas a ela, ou cerca de um terço das mortes anuais estimadas de gripe sazonal.