O cientista iraniano Shahram Amiri, que foi dado como sequestrado nos Estados Unidos (EUA), disse hoje (15) ao chegar a Teerã que foi submetido a sessões de interrogatório por agentes secretos norte-americanos. Amiri afirmou ainda que os agentes lhe ofereceram US$ 50 milhões para que prestasse informações sobre o programa nuclear iraniano, que a comunidade internacional suspeita encobrir a produção de armas atômicas.
“Eles também garantiram que levariam minha família para fora do Irã”, afirmou Amiri, que desembarcou hoje no Aeroporto Internacional Imam Khomeini, no sul de Teerã. “Eu sou um simples pesquisador que trabalha em uma universidade que está aberta a todos e não há trabalho secreto algum lá.” As informações são da Irna, agência oficial de notícias do Irã.
Segundo a agência, Amiri disse que não atuava diretamente nos projetos relativos ao programa nuclear iraniano. Ele é professor da Universidade de Teerã e afirmou ter sido seqüestrado na cidade sagrada saudita de Medina, em 3 junho de 2009, ao participar de uma peregrinação religiosa.
Na última terça-feira (13), o cientista iraniano pediu abrigo na Embaixada do Paquistão, em Washington. Segundo Amiri, ele foi submetido a torturas físicas e mentais nos primeiros dois meses em que permaneceu nos Estados Unidos. “Eu fui sequestrado durante uma operação conjunta dos saudidas e norte-americanos, quando eu estava na frente do meu hotel na cidade santa de Medina. Fiquei inconsciente e fui transferido para lugares desconhecidos, primeiro na Arábia Saudita e, em seguida, nos Estados Unidos”, afirmou Amiri. “Washington, por meio de um jogo político, me pressionava para anunciar ao mundo que eu pedi asilo político”, disse o cientista.
Representantes do Ministério do Exterior iraniano informaram ter provas de que Amiri foi sequestrado por agentes secretos dos EUA. O porta-voz do ministério do Exterior iraniano, Ramin Mehmanparast, disse que o governo pretende continuar investigando o caso. Segundo ele, serão usados meios legais e diplomáticos para saber qual o papel do governo americano no suposto sequestro do acadêmico.
Anteontem (13), a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, disse que o cientista nuclear estava nos EUA por vontade própria e que era livre para deixar país e retornar ao Irã. “Em contraste [com a posição assumida pelos EUA em relação a Amiri], o Irã continua a manter três jovens americanos contra sua vontade”, disse a secretária. “Nós reiteramos nosso pedido de que eles sejam libertados e possam voltar para suas famílias. Nós também continuamos sem informações sobre o bem-estar e o paradeiro de Robert Levenson, que está desaparecido no Irã desde 2007”, disse Hillary referindo-se ao caso de um ex-agente da Polícia Federal dos EUA (cuja sigla em inglês é FBI).
Os Estados Unidos são um dos principais críticos do programa nuclear iraniano e pressionam o país islâmico para que interrompa o processo de enriquecimento de urânio. Desde o começo do mês passado, o Irã está submetido a sanções impostas não só pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, mas também por Estados Unidos, Canadá e União Europeia.