O coordenador-geral de Estudos, Previsão e Análise da Receita Federal, Victor Lampert, admitiu hoje (15) a ocorrência de uma “pausa maior na economia em junho”.
“Na verdade, a pausa maior na economia ocorreu foi em junho mesmo. Esses números aí [arrecadação de junho] são decorrentes de fatos econômicos ocorridos no mês de maio. Então, não estão refletindo essa desaceleração do crescimento”, afirmou Lampert, após divulgar o resultado da arrecadação de impostos e contribuições federais no mês passado, que tem como base os fatos geradores de maio.
Em junho, a arrecadação de impostos e contribuições federais foi recorde para o mês, alcançando R$ 61,488 bilhões em termos nominais, resultado que, corrigido pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), usado pelo governo como referência para metas de inflação, foi 8,54% maior que o registrado no mesmo mês do ano passado, quando o país sofria os efeitos da crise econômica mundial.
No primeiro semestre, o valor arrecadado atingiu R$ 379,491 bilhões. Com a correção pelo IPCA, o resultado ficou 12,48% acima do apurado no período de janeiro a junho do ano passado.
O resultado de junho decorreu, fundamentalmente, da recuperação dos principais indicadores macroeconômicos, como crescimento da produção industrial (14,80%), do volume geral de vendas (9,50%) e da massa salarial (14,49%), fatos gerados em maio, mas que tiveram influência na arrecadação de impostos do mês passado e foram comparados ao mesmo período do ano passado por Lampert.
O coordenador não quis fazer previsões sobre os efeitos da arrecadação com a redução no nível de aceleração da economia e disse que os indicadores macroeconômicos têm mostrado uma certa “aderência” da arrecadação com o nível econômico atual.
“A arrecadação está em 8,5%. Vejo uma boa aderência da arrecadação ao comportamento da economia. Significa que há grandes fatos fora de fatores econômicos influenciando a arrecadação”, explicou.
Perguntado se sua análise não mostrava um freio maior na economia, Lampert negou-se a comentar a questão. Ele sugeriu que os presentes à entrevista coletiva tirassem suas próprias conclusões. Lampert disse que foi proibido pelo secretário da Receita Federal, Otacílio Cartaxo, de fazer comentários sobre previsões da arrecadação e da economia.
“O secretário [Otacílio Cartaxo] me orientou a fazer isso. Ele me disse que a minha competência é para responder a perguntas a respeito de arrecadação passada e que não devo me manifestar”, afirmou Lampert, dizendo que encerraria ali a entrevista.