A atitude “contraditória” do Brasil em suas relações internacionais preocupa a UE (União Europeia), segundo um documento interno divulgado nesta quarta-feira (30/6) pela revista francesa L’Express.

O que preocupa Bruxelas (sede da UE) é que “a vontade do Brasil de se afirmar como líder dos países em desenvolvimento faz sua política externa ser contraditória por conta de suas ambições de potência global”, afirma a nota do grupo de países europeus.

O documento, escrito pelo gabinete do presidente do bloco, Herman Van Rompuy, para a próxima cúpula da UE com o Brasil, que ocorrerá no dia 14 de julho em Brasília, diz também que o país sul-americano é “um aliado em busca de sua real identidade”.

Os conselheiros diplomáticos de Van Rompuy consideram ainda que “a proximidade do Brasil com o Irã gera alguns desconfortos na UE, nos Estados Unidos e no Oriente Médio”.

Isso ocorre, adverte a nota, “enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva busca o apoio dos países europeus para obter uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU”.

No último mês, o governo brasileiro assinou com o Irã e a Turquia um acordo sobre o programa nuclear iraniano, que visa a troca em território turco de 1.200 quilogramas de urânio levemente enriquecido (a 3,5%) para que o material seja enriquecido em 20% – índice necessário para sua utilização em pesquisas e procedimentos médicos.

Contudo, embora considerado um avanço, as potências mundiais, reunidas no Conselho de Segurança da ONU, aprovaram pouco depois um novo pacote de sanções contra a nação islâmica. Para a comunidade internacional, o programa desenvolvido pelo presidente Mahmoud Ahmadinejad teria fins bélicos, o que é negado por Teerã.