Incêndios florestais que assolaram a parte europeia da Rússia nesta sexta-feira mataram pelo menos 25 pessoas e obrigaram à retirada de milhares de outras de suas casas, sob o calor mais forte desde que a temperatura começou a ser registrada, 130 anos atrás.
Espalhados por ventos fortes, os incêndios atingiram campos e bosques que há semanas vêm sendo ressecados pela onda de calor, incinerando centenas de casas de madeira.
“Não sabemos para onde ir”, disse Galina Shibanova, de 52 anos, diante de sua casa em chamas na cidade de Maslovka, na região de Voronezh, a cerca de 500 quilômetros ao sul de Moscou.
“Ligamos para os serviços de emergência, mas ninguém atendeu o telefone”, disse a mulher. Um crucifixo de ouro pendurado em seu pescoço refletia as chamas próximas.
A ministra da Saúde, Tatyana Golikova, disse que 439 pessoas ficaram feridas apenas em Voronezh e que 43 se encontram hospitalizadas em estado grave. Desde junho a Rússia enfrenta uma onda de calor que destruiu plantações e levou milhares de agricultores para a quase falência.
A seca em algumas das regiões da Rússia, um dos maiores exportadores mundiais de trigo, elevou os preços globais do trigo para o nível mais alto do ano, proporcionando às vendas de trigo dos EUA no mercado de futuros seu maior aumento mensal desde 1973.
O Ministério das Emergências disse que 238 mil pessoas foram deslocadas para combater os incêndios florestais e em turfeiras numa área de 866 quilômetros quadrados, mais ou menos igual à superfície de Berlim.
O primeiro-ministro Vladimir Putin cancelou reuniões em Moscou para viajar de avião à região de Nizhny Novgorod, onde pelo menos 540 casas foram destruídas. Ele ordenou que o governo destine 5 bilhões de rublos (165 milhões de dólares) para ajudar as vítimas dos incêndios.
A televisão estatal mostrou uma multidão de mulheres cercando Putin e perguntando se o governo vai pagar pela reconstrução de suas casas. “Não se preocupem, não se preocupem”, disse Putin. “Prometo a vocês que o povoado será inteiramente reconstruído.”
O presidente Medvedev ordenou que as forças armadas ajudem a combater os incêndios, e Putin avisou que oficiais que não enfrentarem os incêndios corretamente serão demitidos.
“Isto é uma calamidade e pode afetar outras regiões”, disse Medvedev aos oficiais por videoconferência desde Moscou.