A possibilidade de o eleitor fazer denúncias ao Ministério Público
Eleitoral (MPE) sobre a postura e a vida dos candidatos que vão disputar o pleito de outubro é o objetivo do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), que pretende fortalecer e ampliar o trabalho de seus comitês, que já existem em todos os estados, para orientar os que vão votar este ano.

De acordo com um dos diretores do movimento, Carlos Moura, os meios de comunicação terão papel muito importante nesse processo, porque muita coisa passa à margem do que está fixado na Lei da Ficha Limpa. Ele disse que é preciso convencer o eleitor da necessidade de conhecer melhor os políticos em quem vai votar.

Moura presidiu hoje (20) reunião do movimento, com a presença do
secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Dimas Lara Barbosa, do presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante, e de representantes das 48 entidades que integram o MCCE.

Dom Dimas lembrou que está no movimento desde o início, há seis anos, e que nas eleições passadas foi constatada no Rio de Janeiro e na Baixada Fluminense a atuação de grupos de pressão que acabavam influenciando e pressionando o eleitor a votar em determinados candidatos.

Segundo ele, em algumas comunidades, esses grupos conseguiram inclusive saber se o público estava correspondendo à sua pressão, o que atentava contra o próprio instituto do voto secreto. Isso é muito sério, disse o bispo, especialmente no Rio de Janeiro, onde existe uma espécie de poder paralelo.

“Sabendo em quem a população de um determinado bairro votou ficava implícita a
possibilidade de represálias, de intimidações”, afirmou dom Dimas, ressaltando que, na cabeça de quem vive sob pressão, isso é uma realidade. Ele destacou que as denúncias encaminhadas ao Ministério Público Eleitoral serão sigilosas, embora permitam investigação, o que é uma forma de tentar aplicar a legislação contra as “brechas escorregadias” que existem à margem da Lei da Ficha Limpa.