Por que o feriado de 9 de julho se restringe apenas ao estado de São Paulo? O que motivou as denominações de famosas avenidas da capital paulista como, a 9 de Julho e a 23 de Maio, e de ruas, com o nome de MMDC? O que elas têm em comum? É que ambas têm a ver com a Revolução Constitucionalista de São Paulo de 1932.

Em 1932 São Paulo uniu-se em torno de uma bandeira chamada democracia – desejava uma Constituinte para arrumar as leis de um País que dava a impressão de marchar para uma ditadura com Getúlio Vargas no poder. Junto com uma causa tão nobre, no entanto, havia problemas na área social, os empresários paulistas ficaram irritados com o aumento de 5% dado pelo Governo Federal, aos salários dos trabalhadores, também não viam com bons olhos a ideia de Vargas legalizar os sindicatos.

O drama político dos paulistas de 1932 era este: avançava-se no calendário da democracia, mas atrasava-se o relógio da chamada questão social porque prejudicava os trabalhadores.

A sigla MMDC teve origem na Praça da República, no dia 23 de maio de 1932 quando morreram quatro estudantes (Miragaia, Martins, Dráusio e Camargo) em confronto com militares e civis favoráveis à Vargas. A MMDC era uma organização civil clandestina onde se usavam codinomes e se fornecia treinamento militar.
Nesse ambiente, em que a violência era um dado cotidiano das disputas políticas, nada mais natural do que um grupo de cidadãos se reunir e maquinar um plano para derrubar o presidente da República.

No País que produziria a guerra civil de 1932, menos de 20% da população podia votar, o que significa que os presidentes eleitos eram personalidades simplesmente ignoradas pela maioria dos brasileiros.

Os paulistas iniciaram a revolta no dia 9 de julho de 1932 sob o comando do coronel Euclides de Figueiredo. Mas, os reforços prometidos pelos estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Mato Grosso não vieram, e São Paulo perdeu a guerra. Em quase três meses de batalhas morreram pelo menos 830 brasileiros – 630 paulistas e 200 soldados federais. Outros dados que contribuíram para o desfecho da guerra foi a superioridade militar das forças federais que dispunham de 250 canhões e 24 aviões, contra 44 canhões e sete aviões paulistas.

Setenta e cinco anos depois, o 9 de julho de 1932 deixou marcas de vários tipos. Apenas na Grande São Paulo, por exemplo, existem quatro ruas chamadas MMDC, o 23 de maio virou nome da avenida que liga o centro ao Parque Ibirapuera, onde está instalado o obelisco dedicado às vítimas da guerra – existem ruas com esse nome em Santo André e São Bernardo; em Tupi Paulista também há a avenida 9 de Julho.

Ficaram outras marcas, porém a chamada Revolução Constitucionalista de 1932 foi objeto de diferentes interpretações: para uns objetivou a reconstitucionalização do País; para outros, foi uma tentativa dos paulistas de reconquistar o Governo Federal. Luta pela democracia para uns, defesa de privilégios para outros…

Seja qual for a sua interpretação a respeito desse assunto, o importante é ressaltar a força e a coragem do povo paulista.

Fonte: Professora Elsie Briggs Padron do Portal Universitas.