Os parques aquícolas previstos para os oito reservatórios do rio Paranapanema, na divisa entre os estados de São Paulo e Paraná, serão totalmente demarcados e implantados até meados de 2011. Segundo o Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), alguns deles, inclusive, poderão estar definidos ainda este ano, como “pilotos”. Embora os trabalhos ainda estejam em andamento, o ministério acredita que o conjunto dos reservatórios terá capacidade para produzir aproximadamente 89 mil toneladas de pescado por ano. A atividade beneficiará cerca de 1800 famílias.
“Os parques aquícolas são fazendas voltadas para a produção intensiva de pescado”, lembra Marcelo Sampaio, diretor de Planejamento e Ordenamento da Aquicultura em Águas da União do ministério. A atividade gera empregos e atrai empresas de fornecimento de ração, beneficiamento do pescado, transporte e comercialização, formando uma extensa cadeia produtiva.
Com 925 quilômetros de extensão, o rio Paranapanema é um dos mais importantes do estado de São Paulo e conta com os reservatórios de Jurumirim, Salto Grande, Chavantes, Canoas I, Canoas II, Taquaruçu, Capivara e Rosana. A operadora do sistema elétrico deste complexo, Duke Energy, colabora com a prestação de informações já consolidadas sobre os reservatórios.
Nos parques aquícolas do Paranapanema os peixes serão confinados e criados em tanquesrrede. A atividade proporciona de duas a três safras por ano. A retirada dos peixes, quando prontos para o abate, é chamada de despesca. São vantagens de se produzir peixe em cativeiro a produção contínua, já que não existe período de defeso; a elevada produtividade, com a obtenção de duas a três safras por ano; e a menor pressão sobre os estoques pesqueiros dos rios e mananciais.
Os estudos para a demarcação e a implantação dos parques aquícolas, no valor de R$ 2,3 milhões, estão sendo conduzidos pelo Instituto Gia, com sede em Curitiba, Paraná.
Os reservatórios totalizam uma área de 1852,35 quilômetros quadrados ou, de forma equivalente, 185.235 hectares. Entretanto, o governo federal destina menos de 1% da lâmina d’água dos reservatórios para a implantação de parques aquícolas, para não causar impactos ambientais e favorecer outros usos, como o transporte. Mesmo assim, a produção é sempre elevada, assegura Leinad Ayer de Oliveira, superintendente do Ministério da Pesca e Aquicultura em São Paulo.
No momento, o ministério destina aproximadamente R$ 16 milhões à demarcação e implantação de 25 novos parques aquícolas no País, entre eles os do complexo do Paranapanema. Outros parques aquícolas já se encontram em atividade em São Paulo. No reservatório de Ilha Solteira, na Bacia do Rio Paraná, onde se encontra a terceira maior hidrelétrica do País, foram criados três parques aquícolas no município de Ilha Solteira e um em Santa Fé do Sul.
Estes parques aquícolas paulistas serão os maiores entre os 12 previstos para o reservatório de Ilha Solteira.
O Ministério da Pesca e Aquicultura pretende implantar também parques aquícolas nos reservatórios de outras hidrelétricas controladas pela CESP no rio Paraná, como Jupiá e Sérgio Motta (Porto Primavera).
Já no estado do Paraná estão sendo concluídos os estudos técnicos para a demarcação de parques aquícolas em todas as baias do litoral paranaense, com a possibilidade de empregar mais de mil famílias, segundo o superintendente federal do MPA no estado, José Wigineski. Os estudos estão sendo elaborados pela Universidade Federal do Paraná, através do Instituto GIA. A licitação das áreas aos interessados está prevista para o início de 2011.
Estratégia de produção
O governo federal passou a implantar parques aquícolas em 2007, como parte de uma estratégia para tornar o Brasil um dos maiores produtores de pescado do mundo, até o final desta década.
O Ministério da Pesca e Aquicultura já entregou 1.941 áreas para a produção de pescado em parques aquícolas da União. As áreas pertencem aos parques aquícolas dos reservatórios de Itaipu (PR), Castanhão (CE), Ilha Solteira (MS), Furnas (MG), Três Marias (MG) e Tucuruí (PA).